MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Um dos homens em situação de rua que sobreviveu à tentativa de chacina em Rondonópolis narrou à Polícia Civil o momento em que os policiais militares Elder José da Silva e Cássio Teixeira Brito abriram fogo e mataram duas pessoas, além de ferir outras duas, na última quarta-feira (27). O Midiajur teve acesso à decisão que decretou as prisões dos dois cabos da Polícia Militar com base nos depoimentos de vítimas e testemunhas, e também outras provas colhidas pela Polícia Civil.
O processo corre sob segredo de Justiça. Além do sobrevivente, uma segunda testemunha relatou a chegada dos militares em uma Land Rover verde escura à Avenida Bandeirantes, onde fica o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop). Depois, eles seguiram até a Vila Canaã, onde atiraram contra outros moradores e rua.
A testemunha afirma que "o suspeito estava disparando aleatoriamente, não tinha um alvo fixo" e que "o suspeito nunca desceu do veículo, sempre efetuou os disparos de dentro do carro". Ele relatou à polícia não ter visto o veículo antes no local e que "o atirador não falava nada, não xingava, apenas parava ao lado das vítimas e efetuava os disparos".
Leia mais:
Cabo do Bope se entrega e PM encontra Land Rover usada em assassinatos de moradores de rua
Policiais ficarão presos por 30 dias e tiveram sigilo telefônico quebrado pela Justiça
Odinilson Landvoigt de Oliveira, de 41 anos, conhecido como "Russo", foi baleado e morreu na Avenida Bandeirantes. A segunda vítima fatal foi Thiago Rodrigues Lopes, morto na Vila Canaã durante a ação dos dois PMs.
Oziel Ferle da Silva, de 35 anos, chamado de "Maranhão", e William Pereira de Oliveira Filho, de 25 anos, também foram baleados, mas conseguiram atendimento e estão internados no Hospital Regional de Rondonópolis.
Maranhão afirma que costuma dormir na calçada do Centro POP e que estava deitado, acordado, próximo à esquina entre a Bandeirantes e a Rua Floriano Peixoto.
"Relata que não estava dormindo, apenas deitado, quando escutou um veículo parando próximo à calçada; que o declarante viu que o veículo parou, abaixou o vidro, percebeu que o passageiro passou uma arma para o motorista, onde este sem descer do carro começou a efetuar disparos na direção do declarante e de seus colegas que estava dormindo no local", diz trecho do depoimento.
Relata que não estava dormindo, apenas deitado, quando escutou um veículo parando próximo a calçada; que o declarante viu que o veículo parou, abaixou o vidro, percebeu que o passageiro passou uma arma para o motorista, onde este sem descer do carro começou a efetuar disparos na direção do declarante e de seus colegas que estava dormindo no local
A Land Rover tinha vindo pela contramão na Floriano Peixoto antes de os policiais iniciarem os disparos. O motorista seria o cabo da PM Cássio Teixeira Brito e no banco do carona estaria o também cabo da PM Elder José da Silva, chamado de "Elder Caveira", integrante do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Elder levou um tiro acidental na perna e a dupla teve de ir à Santa Casa de Rondonópolis para atendimento médico. As imagens de segurança do hospital mostram Cássio descendo da Land Rover pelo lado do motorista, pegando um cadeira de rodas e socorrendo Elder para a parte interna da unidade de saúde.
No depoimento, Maranhão aponta que foi atingido nos braços e que William, outro homem em situação de rua que estava próximo dele, também foi baleado.
"Que permaneceram deitados e (o veículo) saiu do local efetuando outros disparos; que alguns instantes depois o veículo retornou onde o declarante estava e neste momento o veículo parou novamente no local e efetuou disparos na direção do Russo, que estava em pé no local; que o Russo morreu no local", detalha.
A vítima tentou correr por cerca de 20 metros, mas caiu no chão e ficou lá aguardando o socorro médico. Ele foi baleado nos braços, pernas e nádegas.
À Polícia Civil, o homem lembra que o veículo chegou a descer na contramão na Avenida Bandeirantes enquanto o motorista atirava contra outros moradores de rua, e "que o suspeito atirava nas pessoas que estavam próximas, sem especificar um alvo".
Os depoimentos apontam ainda que "tinha duas pessoas no carro, sendo o passageiro que passou a arma para o motorista" e que "os disparos eram efetuados pelo motorista, com o carro em movimento".
Elder e Cássio estão presos temporariamente por decisão da juíza Maria Mazarelo Farias Pinto durante o plantão. As prisões foram pedidas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual (MPE) e têm previsão de durar 30 dias, se não houver outra decisão posterior.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.
Marta Maria da Silva 30/12/2023
Com certeza esses dois devem ser cristãos, de bem, pela pátria e família. Não falha um.... E pobre de direita que pensa que é rico só porque tem um carrão.
1 comentários