DA REDAÇÃO
A Concessionária Rota do Oeste protocolou, na noite de quinta-feira (9), pedido para devolução amigável da BR-163/MT, rodovia sob sua concessão, à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A decisão, regrada pela Lei federal 13.448, de 5 de junho de 2017, foi a alternativa encontrada pela empresa para garantir a prestação de serviços nos 850,9 quilômetros de extensão sem prejuízo aos usuários, até que o Governo Federal realize uma nova licitação da concessão.
Com a iniciativa, a companhia valida, ainda, o compromisso firmado em audiência pública realizada em julho, de encaminhar uma solução para a concessão ainda neste ano.
Leia mais:
Contrato da Rota do Oeste será rescindido, diz senador
ANTT abre processo para retirar a Rota do Oeste da BR-163
A Rota do Oeste tem como principal controlador a Odebrecht Transport.
As obras de duplicação da rodovia, que deveriam ter sido concluídas em 2019, estão paralisadas desde 2016.
A ANTT e o Ministério da Infraestrutura (Minfra) buscavam alternativa para a concessão, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
Uma oferta para troca de controle acionário, com a saída da Odebrecht, foi feita pelo Consórcio envolvendo a MTSUL e a holding Simpar, do fundo de investimento JSL (Júlio Simões). Contudo, a oferta foi rejeitada pelo Governo Federal.
Segundo a Rota do Oeste, desde 2016, o consórcio buscava alternativas para conseguir retomar o cronograma de duplicação previsto no contrato, após o recuo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em conceder o financiamento de longo prazo ao projeto.
Os compromissos contratuais de manutenção da via existente e prestação de serviços operacionais, como socorro médico e mecânico, nunca foram interrompidos.
A não concessão do financiamento, entre outros impactos econômicos decorrentes das crises sucessivas no País, foi uma condição imposta à maioria das participantes do terceiro lote das concessões federais, do qual o trecho mato-grossense da BR-163 faz parte.
"Todas as concessões deste lote, firmadas naquele ano de 2014, foram afetadas de alguma forma pelas crises que se sucederam, trazendo impactos negativos também em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Brasília, Tocantins e Goiás", afirma o diretor-presidente da Rota do Oeste, Júlio Perdigão.
Antes de optar pela devolução, a empresa buscou incisivamente outras soluções que pudessem ter ainda menos impacto aos usuários, como por exemplo por meio da MP 800, de 2017, que perdeu validade ao não ser votada no Congresso Nacional, e da Revisão Quinquenal, que foi descartada pelos órgãos de controle.
Mais recentemente, entre 2020 e 2021, a concessionária trabalhou na criação de um TAC com a ANTT caso um novo grupo assumisse o controle da Rota do Oeste, o que também não foi possível.
"Algumas questões pontuais fizeram os investidores interessados recuarem na reta final do processo. Posso destacar, entre elas, a célere estruturação do projeto de extensão ferroviária de Rondonópolis à Lucas do Rio Verde. Apesar de ser um projeto de extrema importância para o Mato Grosso, ele afeta frontalmente a viabilidade da concessão nos moldes atuais", concluiu Perdigão.
A solução de devolução amigável adotada, agora, pela Rota do Oeste evita litígios judiciais e assegura o relacionamento institucional junto aos órgãos fiscalizadores a fim de amenizar o impacto ao usuário da rodovia, que não terá o atendimento e a manutenção da via interrompidos.
CONTINUIDADE DE SERVIÇOS - Com o enquadramento da empresa na Lei federal 13.448, a Rota do Oeste seguirá prestando serviços e obras necessários para garantir um tráfego fluido e seguro na rodovia, tanto para os motoristas em viagens, quanto para garantir o escoamento da produção agrícola da região norte do Estado.
A companhia também manterá diálogo constante com as autoridades para dar celeridade ao processo de transição enquanto o Governo Federal estrutura nova licitação para definir a empresa que assumirá a operação.
A continuidade de prestação de serviços é fundamental para garantir que não haja perda ou deterioração dos cerca de R$ 1,8 bilhão investido pela concessionária ao longo dos últimos anos em manutenção, suporte operacional e obras de duplicação.
Desde que começou a operar, a Rota do Oeste duplicou mais de 120 km, realizou serviços de manutenção – recuperação, revitalização e conservação – em cerca de 600 quilômetros, além de obras de infraestrutura como a passarelas em Sorriso, Rondonópolis e Sinop, melhorias de acessos, retornos em áreas urbanas e obras de drenagem em pontos de alagamento.
Até a nova concessionária assumir, a empresa seguirá fazendo a manutenção do pavimento além de destinar até R$ 150 milhões por ano, em média, para novos investimentos em manutenção e suporte.
A movimentação da rodovia continuará sendo monitorada por um circuito de câmeras integrado, garantindo o fluxo do tráfego e celeridade aos atendimentos em ocorrências na pista.
Além disso, o Sistema de Atendimento ao Usuário (SAU) continuará com sua estrutura de ambulâncias, UTI móvel, guinchos, veículos de inspeção de tráfego, caminhões para captura de animais e caminhões pipa para combate a incêndios às margens da BR-163
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.