MARINA CINTRA
Da Redação
As mangas que caem nas ruas e avenidas de Cuiabá viram cachaça nas mãos da mestre cervejeira e cachaceira, Cristiana de Vasconcelos Lopes, que possui uma empresa na capital.
Dona da empresa Dialektisch Fermentados, Cristiana conta ao Midiajur que escolheu a manga por ser uma fruta comum em todo o Mato Grosso e pela facilidade de encontrá-la em abundância em Cuiabá, mas que vira um problema de limpeza urbana quando as frutas começam a cair das mangueiras e atrapalhar as vias.
“Comecei a observar que as mangueiras estão sendo cortadas das quintas e das praças por conta desse problema na época de manga. Para resolver, decidi organizar algumas mulheres para coletar, processar essas mangas e fornecerem a Dialektisch Fermentados para produção do destilado”, explicou.
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A empresária relata que sua família tem uma história secular na produção de destilados e produção de cerveja. "Devido a dificuldade de plantar cana, por falta de tempo e experiência, resolvi pilotar a produção de destilado artesanal. Então, decidi escolher a manga como matéria prima”, destacou.
Devido a dificuldade de plantar cana, por falta de tempo e experiência, resolvi pilotar a produção de destilado artesanal. Então, decidi escolher a manga como matéria prima
Cristiana diz que são 38 receitas autorais com as frutas dos biomas mato-grossenses. "Além disso, tenho 48 cervejas que surgiram do livro de receitas da mamãe. Mamãe também produz cerveja. Algumas tive que alterar pela dificuldade de encontrar a matéria prima aqui”, disse.
Com as "catadoras" de manga, a empresária criou um projeto chamado "Hortomercado Delas", que ensina as mulheres desde a coletagem do fruto, retirada da casca e a entrega da polpa para a empresária para a produção da cachaça. Atualmente, ela tem de 20 a 30 mulheres que fornecem a manga como matéria-prima para a produção do destilado. Algumas delas estão em bairros do Pedra 90 e Jardim Aroeira, além de regiões de Barão de Melgaço e Mimoso, onde a fruta também é abundante.
O objetivo de Cristiana é, com a cachaça e o projeto, criar uma relação única com a produção de cachaça ao aliar uma economia sustentável para usar as mangas caídas nas ruas, além de fortalecer a comunidade feminina para ter a própria renda.
Durante a entrevista para o Midiajur, a mestre cervejeira e cachaceira mostrou por meio de vídeo, em primeira mão, a IPA de Jenipapo que foi criada exclusivamente para o encerramento do programa Inova Amazônica, formação fornecida pelo Sebrae-MT.
Para melhor qualidade das bebidas, Cristiana detalha que as dornas também são feitas de madeiras típicas da região, bem como a cerejeira que antes era só utilizada para fabricação de móveis, madeira nobre típica da floresta Amazônica.
“A cerejeira traz uma experiência sensorial singular com a pronúncia floral com um toque de caramelo no destilado. Já as dornas de aroeira, típica do Cerrado e Pantanal, oferecem uma experiência sensorial bem herbal com um toque levemente picante”, explicou.
Atualmente, a Dialektisch Fermentados comercializa apenas destilados de manga e cachaça artesanal. As cervejas artesanais também são feitas com frutas locais dos três biomas. Além disso, em 2019, a empresa decidiu oficializar a Charcutaria Hermore vegana produzida totalmente com frutos do cerrado.
A Hermore Charcutaria continua com a produção tradicional e venda dos meus produtos veganos e fermentados. "Eu já criei até bacon vegano de babaçu e outros alimentos com soja e milho fornecidos também pelas mulheres da comunidade do croará entre Barão e Mimoso. Nós conseguimos fornecer produtos veganos com responsabilidade socioambiental com sabores e texturas fora do convencional convencionais”, finalizou.
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