DA REDAÇÃO
O caso que envolve a morte da empresária Elaine Stelatto, no dia 19 de outubro de 2023, no Lago do Manso, e tem o servidor público Cleber Figueiredo Lagreca como principal suspeito, ganha novos contornos.
Na última semana veio a público a reanálise da perícia da Politec que diz que os ferimentos na empresária foram provocados por corda usada como cabo de segurança e que a causa da morte seria em decorrência de afogamento, e não por causa de agressões praticadas pelo suspeito. O novo parecer foi feito pelo perito Antônio Ramos Corrêia, com base na perícia realizada pela Politec e documentos disponíveis no inquérito.
Agora, documentos da Polícia Judiciária Civil, que constam nos autos, revelam que o investigador F.J.B pode ter manipulado o depoimento de uma das principais testemunhas sobre a morte de Elaine Stellato Marques. No relatório de investigação assinado por F.J.B no dia do acidente, consta que a testemunha, um homem de 38 anos que trabalha como caseiro e piloto de barcos em uma chácara no Lago do Manso, teria visto a mulher ser agredida por Cleber.
Contudo, ao analisar os autos, o advogado de defesa de Cleber Lagreca, Eduardo Mahon, identificou que a declaração nunca foi dada pela testemunha. O advogado afirma que o caso todo “desmorona diante das provas amealhadas pela própria acusação que se contradiz em depoimentos e laudos”.
“Fui contratado recentemente e, ao ler os autos, não percebi nada conclusivo nas perícias. Muito ao contrário: não há qualquer elemento objetivo indicando violência, nem ameaça, nem tentativa de simular ou alterar os eventos. No entanto, um relatório policial me chamou atenção por indicar uma testemunha ocular do suposto crime. Ouvida duas vezes pelo delegado responsável, essa testemunha nega que tenha visto ou ouvido alguma violência conforme consta no relatório do investigador”, esclarece Mahon.
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A tentativa de incriminação foi constatada após a testemunha dar, de fato, seu depoimento na Delegacia de Policia de Chapada dos Guimarães, no dia 25 de outubro de 2023, cinco dias depois da morte de Elaine. No depoimento, o caseiro “negou ter visto qualquer confusão na lancha, porque nunca saiu da marina”.
A versão do caseiro, que foi confirmada em um segundo depoimento oficial na delegacia, é totalmente oposta da que consta no relatório assinado pelo investigador, que incriminou Cléber Lagreca.
SUPOSTA BRIGA
O documento produzido no dia da morte, pelo investigador, diz que o caseiro teria visto Cleber e Elaine brigando na lancha e que o advogado teria “desferido um golpe no rosto ou na nuca, no lado esquerdo da cabeça da vítima. Contudo, pela distância em que observava, não soube precisar se o golpe foi dado com o punho ou com um objeto”.
Porém, no primeiro depoimento e no segundo depoimento feito em 28 de fevereiro de 2024, quatro meses após o primeiro depoimento em 25 de outubro de 2023, o caseiro confirmou à Polícia Civil que não viu nenhuma confusão na lancha e que sequer saiu da marina, e que o único contato que teve com Cleber e Elaine foi quando os viu chegarem no local, por volta da hora do almoço, e depois quando a polícia e o IML já haviam resgatado o corpo.
O caseiro enfatizou que soube da morte de Elaine por meio do funcionário da marina que rebocava a lancha no dia da ocorrência. E detalhou que só na segunda vez que o rebocador retornou da lancha foi informado sobre a morte da empresária, demonstrando que a afirmação atribuída inicialmente a ele, de que o colega já sabia da morte desde a primeira ida à lancha, era totalmente mentirosa.
Conforme a defesa, a tentativa de incriminação é mais uma evidência que valida a versão apresentada pelo advogado Cleber Lagreca. Ele sustenta sua inocência e afirma que Elaine morreu afogada.
Outras evidências já identificadas no processo contrapõem as acusações feitos pelo Ministério Público e apontam que a morte de Elaine ocorreu por afogamento e que os ferimentos encontrados em seu corpo foram causados pela corda que ela usava como cabo de segurança para entrar na água, conforme detalhado na perícia feita pelo IML e reanalisada pelo perito Antônio Correia, a pedido da família de Lagreca.
Veja versão apresentada pelo investigador:
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