Leticia Pereira
DA REDAÇÃO
Aquivo Pessoal
O ex-secretário de Obras do município de Colniza, Arildo Batista Dalto, de 52 anos, foi assassinado no dia 15 de fevereiro deste ano, quando saía de sua fazenda, na área rural do município. Em entrevista ao Midiajur, a viúva de Dalto, Ozédina Oliveira Dalto, compartilhou um pouco da memória e legado do marido. As investigações sobre o caso seguem em andamento.
Arildo Dalto foi secretário de Obras durante o mandato do ex-prefeito de Colniza, Assis Raupp, entre 2013 e 2016. Sob a sua direção, a pasta se destacou pela construção de mais de 300 pontes no território municipal, além de abertura e recuperação de estradas vicinais.
“Ele recebeu muito destaque, até como melhor secretário de Obras. Tem até troféu”, contou Dina, como Ozédina prefere ser chamada.
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Troféu oferecido pela Associação Comercial e Empresarial de Colniza (Acecol), no ano de 2014, pelo destaque na atuação como secretário Municipal de Obras
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A história da família Dalto no município começou em 1999, quando Arildo e sua esposa se mudaram para Colniza para cultivar café. Segundo Dina, o marido veio de uma família de cafeeiros e o trabalho no campo era um ofício de berço.
“Então, ele foi o primeiro cafeeiro a ter uma máquina de café dentro de Colniza”, disse.
A viúva explicou que, antes de chegarem na cidade, havia uma máquina em uma pequena chácara, mas que funcionava como uma cooperativa e não como empresa, porque não tinha a documentação específica.
“Não tinha a empresa aberta, não tinha local para receber os clientes, era como se fosse uma cooperativa. Então a primeira empresa de café dentro de Colniza foi a dele”, relatou ela, sobre a fundação da Café Dalto.
Hoje, Colniza é conhecida como a capital mato-grossense do café. Mais da metade da produção estadual vem do município, segundo o Governo de Mato Grosso.
Durante as décadas de 2000 e 2010, a empresa da família Dalto bateu recordes de produção cafeeira. Dina citou que, há cerca de 14 anos, os 250 mil pés de café da família chamaram a atenção e foram tema de uma reportagem da Secretaria de Agricultura do Estado.
No ano de 2011, a Café Dalto adquiriu uma máquina de torrefação industrial, também a primeira de Colniza, que possibilitou a industrialização de café dentro do município e a comercialização direto com os mercados.
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Embalagens da Café Dalto no ano de 2011
Dina afirmou que o feito beneficiou não só a família, mas os outros produtores da região que não precisaram mais se deslocar até outras cidades para vender os grãos.
“Com a máquina aqui, era possível fazer o beneficiamento de café aqui, para que as pessoas pudessem plantar o café e consegui tirar o café pra fora”, disse.
A viúva descreveu o marido como um homem extremamente trabalhador, autêntico e honesto, que não gostava de dever para ninguém. Além disso, Dalto se destacava pela caridade e simplicidade.
“Ele era a pessoa que, quando algum morador atolava o caminhão, o trator dele que saía, andava de 15 a 30 km para poder desatolar caminhão do povo, sem cobrar um centavo de ninguém”, contou.
Ela acrescentou que o marido doava mudas de café para outros produtores e ajudava a todos que visse passando por necessidade.
“Eu reconheço o trabalho dele e sei que ele deixou um legado muito bonito, histórico, de muito incentivo na produção agrícola do município e de prestação de serviços como secretário”, declarou.
O cafeeiro também foi o primeiro a ter uma terra mecanizada voltada ao plantio de milho em Colniza, segundo Dina.
A esposa afirmou que o seu desejo é que a história do marido, com quem era casada há 28 anos, não caia no esquecimento.
Sobre o caso
Na noite de 15 de fevereiro de 2024, aproximadamente às 22h, Arildo Batista Dalto foi encontrado caído na porteira da sua fazenda, já sem vida, com marcas de disparos de arma de fogo.
Os indícios são de que ele teria sido surpreendido, ao fim do dia de trabalho no campo, por um ou mais suspeitos que alvejaram ele pelas costas.
As motivações e suspeitos do crime são investigados pela Polícia Civil, em processo que corre em segredo de justiça.
Além da esposa, Arildo deixou dois filhos.
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