ALLAN PEREIRA
Da Redação
Estudantes foram impedidos de seguir viagem para realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no último domingo (20) por conta de bloqueio realizado em Querência (981 Km de Cuiabá). Os estudantes seguiam de Bom Jesus do Araguaia para Querência, onde seria aplicada a prova.
O fato ocorreu depois que um estudante "fez o L" para manifestantes bolsonaristas que estavam no bloqueio. A diretoria regional de educação emitiu nota de esclarimento na qual explicou que, antes do gesto, a passagem dos estudantes estava liberada, mas os manifestantes se revoltaram após a suposta provocação.
O "L" é a referência ao presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT), que venceu às eleições. A reportagem do MidiaJur também apurou que estudantes dos municípios de Cocalinho e Nova Nazaré, que iriam fazer a prova em Água Boa, foram também impedidos de entrar na cidade de ônibus para fazer a prova. Nesse caso, não houve nenhum registro de provocação aos manifestantes.
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Segundo nota de esclarecimento da Diretoria Regional de Querência, a diretora da unidade Glaucia Galvão Vieira se deslocou até os bloqueios na entrada de Querência, localizados na MT-242.
Glaucia buscava dialogar com os manifestantes para que os ônibus, que levariam estudantes e candidatos inscritos do Enem do município de Bom Jesus do Araguaia e Ribeirão Cascalheira, pudessem passar com tranquilidade.
O primeiro ônibus chegou por volta das 10h40. Os manifestantes autorizaram a passagem, mas voltará atrás após o gesto.
O gesto "causou desconforto nos manifestantes que voltaram atrás e decidiram impedir a passagem de todos os ônibus que traziam estudantes de municípios vizinhos para a realização da prova", relata a nota assinada pela diretora do DRE de Querência.
A diretora da DRE de Querência que os alunos completaram o percurso a pé por "ficarem com medo de não chegar a tempo".
Informações preliminares apontam que os candidatos tiveram que andar mais de 5 km para a realização da prova e, segundo relatos dos estudantes, os manifestantes também estavam armados.
Os estudantes que partiram de Ribeirão Cascalheira desceram antes dos bloqueios, atravessaram o ponto de manifestação a pé e subiram em outro ônibus disponibilizado pelo DRE a frente do bloqueio para serem levados até o local de provas.
A diretora Glaucia orienta ainda que "qualquer aluno que se sentir prejudicado, pode solicitar a reaplicação da prova à Cesgranio, bem como, seus responsáveis registrarem boletim de ocorrência sobre o fato".
As manifestações se intensificaram no final desta semana depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, bloqueou contas de empresas e empresários supostamente responsáveis por financiar os atos que pedem "intervenção federal" contra o resultado das urnas.
Alexandre chegou a citar a preocupação de que estudantes não conseguissem fazer as provas do Enem, para ressaltar ainda que o direito para manifestações e greve são garantidos como princípio basilar do Estado Democrático e da Constituição Federal, mas que os movimentos dos grupos bolsonaristas não podem impedir o exercício do restante da sociedade de acessar aos seus próprios direitos fundamentais.
Até a manhã desta segunda-feira (21), haviam vinte pontos de bloqueias de rodovias federais em Mato Grosso, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da concessionária Rota do Oeste.
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