MARINA CINTRA
Da Redação
O calendário todos os anos marca não só as datas comemorativas e férias, mas, em cada mês faz alusão a uma ou mais campanhas de conscientização ou sensibilização com objetivo de chamar a atenção da sociedade para um determinado tema ou problema presente em nossa sociedade.
Encerrando o ano de 2023, o mês de dezembro representa duas causas: o Dezembro Vermelho, que ressalta a importância da prevenção contra a AIDS, e o Dezembro Laranja, que busca conscientizar a população sobre o combate ao câncer de pele. Principalmente neste ano que foi considerado o mais quente na história da humanidade, precisamos saber lidar com todo esse sol e calor atípico em várias regiões do Brasil.
Para orientar nos cuidados neste período de calor atípico em várias regiões do Brasil, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) criou o slogan “Cada um com sua proteção” durante o Dezembro Laranja, buscando conscientizar as pessoas sobre o câncer de pele e sobre a importância de procurar um dermatologista para entender a combinação ideal de medidas de proteção para sua pele, evitando futuros danos e riscos à saúde.
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Ao MídiaJur, a médica dermatologista Luciana Gasques destacou que o câncer de pele não ocorre somente por exposição ao sol, mas que o ‘estilo de vida’ e hábitos saudáveis influenciam no risco da doença. Sendo assim, outros desencadeadores são pessoas muito claras, tabagismo e atividade física com exposição ao sol aumentam o risco.
“É importante a gente falar que o sol aumenta o risco de câncer de pele quando a exposição é intermitente. A pessoa que pega sol todos os dias pouquinho, a produção de melanina vai protegendo o DNA da célula, a pessoa que é bem branca e se expõem esporadicamente ao sol não dá tempo da melanina proteger a célula, e aí acontece o dano do DNA, que é o câncer. Mas isso não significa que a pessoa negra e morena não tem risco de ter câncer de pele. A mutação é o câncer”, explica.
O câncer da pele é o câncer mais comum entre os brasileiros, representando 33% de todos os diagnósticos da doença. Ele é provocado pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele e é dividido em não melanoma e melanoma. O primeiro se subdivide em dois: carcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma espinocelular (CEC).
“O câncer de pele não melanoma, que é o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular, tem como principal desencadeador o sol. A incidência maior é no rosto, podendo ou não acometer mucosa. Geralmente, aparece como uma pintinha transparente detectada por um médico dermatologista durante os exames. O melanoma costuma ser escuro, mas também pode ser transparente. Ele pode aparecer desde no couro cabeludo, no rosto, nos braços e pernas, no tronco também tem como desencadeador o sol e fatores genéticos”, detalhou a dermatologista.
Para prevenir, a médica recomenda realização de exames e cuidados precoces que são realizados por médicos dermatologistas através do dermatoscópio, que é um aparelho de microscópio usado em consultório para olhar todas as pintas. Principalmente o melanoma que, quando diagnosticado de forma muito tardia, gera metástase no pulmão, cérebro, fígado e ossos, sendo necessário tratamento com quimioterapia, radioterapia ou uso de imunobiológicos.
Quando é detectado precocemente, a cirurgia o retira completamente e cura. Além disso, os médicos recomendam o procedimento de mapeamento corporal total, que é quando eles conseguem analisar todas as pintas do corpo do paciente, detectando precocemente um câncer.
“Nós temos o ABCDE do melanoma. A de assimetria, então é uma pinta que é irregular. O B de bordas, né? Que tem as bordas, não são arredondadas, são bordas irregulares. O C da cor, geralmente ele tem mais de uma cor, não é só marrom. É marrom e preto, marrom, preto e cinza. O D de âmbito. É uma pinta que está aumentando. E o E, evolução. A pinta era pequena e começou a aumentar ou modificar. Isso só vale para melanoma. O carcinoma, por exemplo, é transparente. Só o médico dermatologista olhando para saber mesmo”, garantiu Luciana ao explicar os sinais de alerta para um possível câncer de pele.
Na pele
“Eu descobri o câncer de pele em uma viagem à Cuiabá. Atualmente, eu moro em Brasília, mas quando eu cheguei de viagem, uma amiga foi me visitar. Ela trabalhava num hospital, olhou para mim e disse que achava que a mancha em meu nariz era um câncer de pele. Logo em seguida eu fui ao médico e realmente era um câncer de pele”, contou Maria da Guia Araújo ao MidiaJur sobre a descoberta da doença de forma inesperada.
Maria detalha que, desde então, já realizou cerca de 27 cirurgias de remoção de câncer de pele e, no dia 8 de dezembro, irá retirar mais dois. Atualmente, ela conta que possui uma rotina mais cuidadosa, não dispensa o uso do protetor solar e evita se expor ao sol com frequência. Isso porque seu câncer é reincidente nas regiões do rosto, pescoço e couro cabeludo.
“Já fiz até quimioterapia. Foi um processo muito complicado. Eu tive que interromper porque eu não dei conta de fazer tudo, mas sarou. Era câncer de pele, no couro cabeludo, mas era mais agressivo, mais diferenciado. Mas, graças a Deus, esse sarou. [Atualmente] eu tenho uma rotina mais cuidadosa. Eu uso protetor solar e uma ‘misturinha’ de duas pomadas que a médica receitou. Hoje eu me reservo e procuro não me expor ao sol. Eu me preocupo muito com isso” disse.
SBD oferece a população
No dia 2 de dezembro, das 9h às 15h, será realizado um dia de atendimento gratuito para orientação, diagnóstico e tratamento do câncer de pele. Serão mais de 100 postos de atendimento espalhados pelo Brasil e cerca de 3.500 médicos dermatologistas e voluntários trabalhando para atender a população.
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