ALLAN PEREIRA
Da Redação
"Se eu não tivesse convênio e administrasse apenas recursos próprios, eu faria muito pouco", lamenta o prefeito do pequeno município de Querência, na região do Xingu, em Mato Grosso.
Mesmo assim, Fernando Gorgen não parece assustado com o crescimento vertiginoso do município chefiado por ele. Mas dados do Censo Demográfico 2022, levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram um aumento populacional incrível para um município tão pequeno.
Com aumento percentual de 105,39%, a cidade de Querência lidera o percentual de crescimento de habitantes nos últimos 12 anos, quando foi realizado o último censo. A cidade tem hoje 26.769 pessoas. O número de habitantes anteriormente era de 13.033.
Ciades do agronegócio
Cinco cidades do agronegócio apresentaram as maiores taxas de crescimento populacional nos últimos 12 anos, segundo o Censo Demográfico 2022.
O censo do IBGE atribui o crescimento à fazendas produtoras de commodities agrícolas, como soja e milho. Também destaca o papel da rodovia BR-158, que corta o leste de Mato Grosso, para escoamento desses mesmos produtos. O acesso a via para Querência se dá pela MT-242.
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Para o prefeito de Querência, Fernando Gorgen (União), o crescimento da cidade também se deve aos convênios e acordos de investimento feitos com deputados, governo do Estado e Governo Federal para trazer recursos para o município e investir na cidade.
"As grandes obras são todas conveniadas. Aí vem o que cada um tem de si", disse em uma entrevista para a rádio local no início deste mês.
As demais cidades que lideram o ranking em Mato Grosso, na sequência, são Lucas do Rio Verde (83,88%), Nova Mutum (75,83%), Sinop (73,36%) e Campos de Júlio (71,17%).
O censo também atribui o crescimento dessas cidades à produção de soja e milho em fazendas e também à BR-163.
Cidades desérticas em Mato Grosso
Por outro lado, o município que mais perdeu habitantes foi Cotriguaçu. O novo censo aponta que, atualmente, há 11.011 pessoas. Isso representa uma perda de 26,51% quando, há doze anos, 14.983 indivíduos viviam por lá.
Para o G1, o prefeito em exercício, Valdivino Mendes (PSC),atribui o encolhimento da população a venda de terras e a redução da indústria madeireira.
"Não temos uma explicação no momento. Estávamos buscando uma resposta. Muita gente vendeu suas terras e o setor madeireiro diminuiu. Todas estas informações contribuíram", disse.
Rondonópolis cresce e surpreende
A maioria das cidades de Mato Grosso, incluindo a Capital, tiveram aumentos de até 50%. É o caso de Rondonópolis, que teve um aumento de 50 mil habitantes desde o censo de 2010. Um crescimento percentual de 25,28%.
Para o vice-prefeito de Rondonópolis, Aylon Arruda (PSD), mais do que crescer em números, é ter ajudado a cidade a se desenvolver em várias áreas.
“A cidade aumentou 50 mil habitantes desde a última década, mas desenvolveu em todos os indicadores. Nós temos 2,8 habitantes por casa. Isso mostra que a população vem melhorando a qualidade de vida. Recebemos muitas pessoas de fora, e essas pessoas precisam achar um campo fértil para trabalhar e para criar suas famílias. Por isso, tanto investimento em educação, saúde e qualidade de vida”, disse.
Segundo Ricardo Ojima, pesquisador do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), as cidades de Mato Grosso ainda têm espaço para uma margem maior de crescimento devido ao agronegócio.
“O avanço do agronegócio é um dos impulsionadores desse desenvolvimento da região e acaba atraindo também a mão de obra de outros tipos de serviços. Mas é importante pontuar que os avanços do agronegócio não são necessariamente nas capitais. Então esse crescimento também se deve a outros fatores. Mas muito provavelmente, num futuro não muito distante, vai acontecer lá o que está acontecendo em outras capitais do país. A população também vai começar a se dirigir para os municípios do entorno", avalia.
Para além dos números totais de habitantes no município, o censo tem impacto na política. O levantamento pode levar à criação de novas cadeiras no legislativo (do municipal ao federal). Também pode aumentar ou diminuir o coeficiente de repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), do Governo Federal.
A população do país chegou a 203,1 milhões em 2022, com aumento de 6,5% frente ao censo demográfico anterior, realizado em 2010. Isso representa um acréscimo de 12,3 milhões de pessoas no período. Em Mato Grosso, o crescimento foi de 1,57%, chegando a 3,65 milhões de pessoas no Estado.
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Ivan Borges 31/07/2023
E o atual governo federal batendo no agronegócio que tanta prosperidade trás ao país, meu Deus!
1 comentários