ALLAN PEREIRA
Da Redação
No momento de ser preso pela Polícia Militar, na manhã desta quinta-feira (08), o trabalhador em serviços gerais Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos, contou que ficou "fora de si" e estava arrependido por matar o colega de trabalho Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos, na zona rural de Confresa (a 1.160 km de Cuiabá). O assassinato ocorreu na quarta-feira (07).
Os dois dicutiram porque votavam em candidados à presidência diferentes: Benedito, a vítima, era eleitor de Lula (PT) e Rafael, que confessou o crime, votaria no presidente Jair Bolsonaro (PL).
Depois de detido, Rafael prestou depoimento às 14h de quinta-feira na Delegacia de Confresa e contou detalhes de um crime bárbaro: ele desferiu 15 facadas na vítima, algumas nas costas e no olho, além de ter tentado decapitar seu rival político utilizando um machado da propriedade rural onde trabalhavam.
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No depoimento, Rafael contou que conheceu Benedito há cerca de duas semanas, quando foi buscar lenha na chácara onde a vítima morava para queimar na cerâmica de tijolos, onde trabalhava. Os dois passaram a morar juntos na chácara desde a última terça-feira (06).
Reprodução
Corpo encontrado estava totalmente desfigurado por conta das facadas
Na noite do feriado de Independência do Brasil, marcado por atos de apoio a Bolsonaro em todo o país, Benedito fumava um cigarro na casa da chácara. Rafael se aproximou dele e ambos começaram a falar de política. Uma discussão entre os dois trabalhadores logo teve início em que "nenhum concordava com a opinião do outro", conforme relata o suspeito em depoimento.
A discussão evoluiu para uma luta corporal. Rafael diz que Benedito teria desferido um soco em seu queixo, enquanto ele teria revidado com um soco no peito. Logo após, teriam se acalmado e cessado as agressões.
Porém, o suspeito relata que tempos depois Benedito pegou uma faca que estava sobre a mesa da cozinha, o encarou e ficou parado. Rafael foi para cima da vítima para tomar-lhe a faca. Mas, ao tentar pegar a arma branca, cortou a sua mão direita.
Apesar do ferimento, Rafael conta que continuou tentando retirar a faca das mãos da vítima até conseguir. Benedito teria saído correndo depois, e o suspeito o perseguiu para golpeá-lo. No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, o suspeito fala também que "acabou saindo de si".
Rafael conseguiu alcançar Benedito e acertá-lo com uma facada nas costas. A vítima continuou a fugir, e o suspeito o perseguiu até ele cair no chão. Após isso, o trabalhador foi acertado com outra facada no olho e um terceiro na garganta.
Benedito pegou uma pedra para se defender e conseguiu acertar o rosto de Rafael, que contou ter ficado mais nervoso e desferido mais golpes. No total, conta que foram 15 facadas. Apesar das lesões, a vítima ainda estava viva e teria xingado o suspeito de "filho da puta".
Rafael narra também que teria ficado mais nervoso ainda, retornou para dentro da casa com a faca, foi até o depósito das ferramentas, pegou um machado, retornou até onde estava Benedito e desferiu um golpe no pescoço dele. Após praticamente decapitá-lo, a vítima veio a óbito.
Prisão - O suspeito conta que largou o machado e a faca usadas no homicídio, próximo a cerca da estrada rural. Em seguida, retornou para casa, lavou as mãos, pegou um par de roupas e seguiu para a cidade de Confresa. Trocou de roupa no caminho, pois as suas estavam sujas de sangue.
Na manhã do dia seguinte, nesta quinta-feira (08), Rafael deu entrada no Hospital Municipal de Confresa, procurou por atendimento médico para tratar as feridas e alegou que tinha sido vítima de uma tentativa de roubo.
A Polícia Militar foi acionada pela equipe de profissionais da saúde e, já sabendo que Rafael era o suposto autor do homicídio de Benedito, começaram a conversar com ele, conduziram ele até a delegacia onde confessou os fatos.
Colega encontra corpo de trabalhador - O corpo de Benedito foi encontrado por um colega de trabalho, que não mora na chácara, ao ir a trabalho para a propriedade.
Conforme está registrado no boletim de ocorrência da PM, ao perguntar para Rafael, ele contou que dois rapazes mataram e também tentaram assassiná-lo, mas que conseguiu escapar.
O colega achou estranho o fato e foi comunicar a patroa, que entrou em contato com a Polícia Militar. Rafael também teria tentando pedir dinheiro a empresária, que desconfiou de uma fuga. Ela chamou a PM em seguida.
Após ser algemado pelos militar, o suspeito disse que estava arrependido de ter cometido o crime.
Prisão preventiva é decretada - O juiz Carlos Eduardo Pinho Bezerra de Menezes, da 3ª Vara de Porto Alegre do Norte, decretou a prisão preventiva de Rafael Silva de Oliveira.
Na decisão, o magistrado aponta não a intolerância política não deve ser admitida.
"Assim, em um Estado Democrático de Direito, no qual o pluralismo político é um dos seus princípios fundamentais torna-se ainda mais reprovável a conduta do custodiado. A intolerância não deve e não será admitida, sob pena de regredirmos aos tempos de barbárie. Lado outro, verifica-se que a liberdade de manifestação do pensamento, seja ela político-partidária, religiosa, ou outra, é uma garantia fundamental irrenunciável", afirmou.
Rafael deverá aguardar preso a conclusão doi inquérito.
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Ellen Luiza Gomes de Araujo 09/09/2022
Isso é denominado barbárie. Tudo que o presidenty fala é acha bonito. Meus sentimentos a todos.
1 comentários