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ECONOMIA Sexta-feira, 19 de Outubro de 2018, 18:29 - A | A

19 de Outubro de 2018, 18h:29 - A | A

ECONOMIA / R$ 1,7 MILHÃO

Malouf afirma que ex-secretários de Taques recebiam "por fora"

Informação consta em acordo de delação firmado com a Procuradoria Geral da República

THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO



Os ex-secretários de Estado Paulo Brustolin (Fazenda) e Júlio Modesto (Gestão) teriam recebido R$ 1,7 milhão de empresários, a pedido do governador Pedro Taques (PSDB) para complementar seus salários.

No total, Brustolin recebeu R$ 1,4 milhão e Modesto R$ 300 mil entre janeiro a dezembro de 2015. 

A informação consta na delação premiada do empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf. O ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo da delação em decisão publicada nesta sexta-feira (19). 

“Quando da composição do secretariado do atual governo, o peticionante esclarece que a pedido do governador eleito Pedro Taques efetuou pagamento a título de complemento de salário para os secretário Brustolin, que assumiu a Sefaz e Julio Modesto, que assumiu a Seges”, diz trecho do documento.

“Os referidos secretários só assumiram as pastas no Governo caso tivessem esse complemento salarial”, diz outro trecho do documento.  

Os pagamentos, segundo a delação, foram feitos por Alan Malouf, Marcelo Malouf, Erivelton Gasques e Juliano Bortoloto, a pedido do próprio Taques.

Paulo Brustolin era um executivo reconhecido que trabalhava junto à Unimed Cuiabá, tendo uma renda mensal de aproximadante R$ 60 mil, razão pela qual só aceitava assumir um cargo no governo se seu salário fosse complementado, pois do contrário manteria suas atividades na iniciativa privada

O grupo de amigos/empresários do governador teria resolvido ratear os valores, que se daria a título de empréstimo, também a pedido do gestor do Executivo.

Conforme Malouf,  para o secretário Paulo Brustolin foi pago a importância de R$ 500 mil a para assumir o cargo e R$ 80 mil mensais.

"Paulo Brustolin era um executivo reconhecido que trabalhava junto à Unimed Cuiabá, tendo uma renda mensal de aproximadante R$ 60 mil, razão pela qual só aceitava assumir um cargo no governo se seu salário fosse complementado, pois do contrário manteria suas atividades na iniciativa privada", diz trecho do documento. 

Já para o secretário Júlio Modesto foi paga a importância de R$ 25 mil mensais. 

O ressarcimento desses empréstimos seriam feitos por meio de esquemas de desvio de dinheiro público, como o que desencadeou a Operação Rêmora. A Rêmora apurou um esquema de fraudes em diversas licitações da Seduc para construção e reforma de escolas, por meio da exigência de propina aos empresários que formavam o cartel.

Em dezembro de 2015, porém, o grupo ainda não teria recebido o empréstimo contraído durante a campanha e decidiu cessar os pagamentos.

Alan Malouf afirmou ter procurado o governador e informado sobre a decisão. Ele teria concordado e dito que encontraria uma “solução para o problema”.

“Em dezembro de 2015, o peticionante informou para Paulo Brustolin e Julio Modesto que não pagariam mais os valores a título de complemento de salário, eis que até aquele momento não havia recebido os valores aportados na campanha a título de empréstimo”, diz trecho da delação. 

“De igual modo, o peticionante informou ao então governador Pedro Taques, que o grupo não mais pagaria os valores para os referidos secretário a título de complemento de salário. O governador concordou e afirmou ao peticionante que iria encontrar uma solução para o problema”, pontua o documento. 

Leia mais: 

Ministro do STF retira sigilo da delação premiada de Alan Malouf

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