ANGELA JORDÃO
DA REDAÇÃO
As entidades representantes do agronegócio brasileiro manifestaram extrema preocupação com a suspensão temporária do financiamento do Plano Safra 2024/2025, anunciada pelo Governo Federal na quinta-feira (20/02) à noite, surpreendendo todo setor. Para as lideranças do setor, a situação, que já era preocupante, se agravou ainda mais, sobretudo em um momento em que os produtores se preparavam para financiar a safra de inverno e já haviam adquirido parte dos insumos necessários. Todas divulgaram notas manifestando sua preocupação.
Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a decisão prejudica, principalmente, os pequenos e médios produtores, que são os que mais necessitam do financiamento, com linhas de créditos especiais para a produção agrícola.
“O crédito rural é essencial para o desenvolvimento do setor, produção de alimentos e crescimento econômico do país. Essa interrupção repentina prejudica os produtores rurais, principalmente aqueles pequenos e médios, que lançam mão dos recursos do Plano Safra para financiar suas atividades. O financiamento privado, que tem sido responsável por ser o maior financiador do agronegócio brasileiro, ainda encontra limitações para ser acessado pelos produtores de menor porte, os deixando sem alternativas, em momentos como esse”, divulgou a Confederação.
Já a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) aponta a insegurança que a medida gera no setor responsável há anos pelo superavit comercial do país. A Associação manifesta, ainda, o temor de que a decisão do Governo possa afetar a segurança alimentar do Brasil e a estabilidade econômica do setor.
“A medida gera preocupação e insegurança para os produtores rurais e para toda a cadeia produtiva do agronegócio. O crédito rural é a base para a produção agrícola no Brasil, garantindo que os produtores tenham acesso a recursos para custear suas lavouras. Sem esse apoio, muitos produtores enfrentarão dificuldades para financiar suas operações, o que pode resultar na redução da área plantada, na queda da produtividade e no aumento dos custos operacionais. A decisão compromete não apenas a estabilidade financeira dos agricultores, mas também a segurança alimentar e econômica do país.”.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) destaca que a agricultura e a pecuária são atividades que demandam previsibilidade e planejamento e a suspensão do crédito rural gera insegurança, especialmente no momento em que muitos ainda colhem a safra atual e iniciam o plantio da próxima. “O setor produtivo já enfrenta desafios como oscilação cambial, aumento nos custos de produção e uma taxa de juros elevada. A retirada do suporte governamental agrava ainda mais esse cenário”.
“É importante ressaltar que o setor agropecuário contribui significativamente para a economia do país, gerando empregos, exportações e garantindo o abastecimento de alimentos a preços acessíveis para toda a população”, afirma a Famato.
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Pressão na inflação
O impacto da suspensão do crédito rural poderá afetar todos os setores produtivos no país e não somente o agronegócio, gerando ainda mais pressão inflacionária. “O impacto não se limita apenas ao campo. A falta de crédito pode refletir diretamente no abastecimento interno, influenciando o preço dos alimentos e pressionando a inflação. Soja e milho são insumos essenciais para a cadeia produtiva de proteínas, e qualquer dificuldade na produção desses grãos afeta diretamente o preço da carne, do leite e dos ovos, prejudicando toda a população, especialmente as famílias de menor renda”, afirma a Aprosoja-MT.
Compromentimento da liderança nacional
Outra preocupação é que com a posição de liderança do Brasil na produção mundial de grãos. “A insegurança gerada pela falta de previsibilidade nos financiamentos pode afastar investidores, reduzir a competitividade dos produtores e abrir espaço para concorrentes em mercados estratégicos. A medida coloca em risco a posição do Brasil no mercado internacional”, declara a Famato.
Revisão da suspensão
As entidades pedem que o Governo Federal reveja o posicionamento e retome o financiamento imediatamente. “A CNA entende as dificuldades orçamentárias, porém sugere que o governo reveja a decisão e garanta os recursos prometidos, dentro do planejado, garantindo a competitividade e a sustentabilidade do setor agropecuário”.
“A Famato reforça a necessidade de uma gestão fiscal eficiente, que garanta a execução plena dos recursos previstos no Plano Safra e permita um planejamento adequado para os produtores. É fundamental que o governo adote medidas urgentes para restabelecer o crédito rural”, concluí a Federação.
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