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VARIEDADES Segunda-feira, 26 de Outubro de 2015, 08:09 - A | A

26 de Outubro de 2015, 08h:09 - A | A

VARIEDADES / METÁSTASE

Gaeco acusa advogado de ser “braço jurídico” de grupo

A ideia, segundo o MPE, era que o jurista “blindasse” o ex-deputado das investigações feitas pelos promotores do Patrimônio Público

CAMILA RIBEIRO
DO MIDIANEWS



O advogado Alexandre de Sandro Nery Ferreira foi apontado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) como “braço jurídico” do grupo acusado de desviar R$ 1,7 milhão da Assembleia Legislativa, entre os anos de 2010 e 2014.

A informação consta na denúncia derivada da Operação Metástase/Célula-Mãe, protocolada pelo Ministério Público Estadual (MPE), na última quarta-feira (22).

Além de Nery, foram denunciados o ex-deputado estadual José Riva (sem partido) – apontado como líder do suposto esquema criminoso – e outras 21 pessoas.

A denúncia foi oferecida pelos promotores de Justiça Samuel Frungilo, Marcos Bulhões dos Santos e Carlos Roberto Zarour César, que compõem o Gaeco.

Os supostos desvios teriam ocorrido por meio de despesas fictícias para justificar os gastos com as “verbas de suprimentos”, que eram recebidas no gabinete do então deputado

O advogado Alexandre de Sandro Nery Ferreira foi 'acoplado' à organização criminosa como verdadeiro 'braço jurídico' do bando

Riva.

De acordo com a denúncia, Nery foi um dos advogados disponibilizados pelo ex-deputado aos servidores envolvidos no alegado esquema.

A ideia, segundo o Gaeco, era que o jurista “blindasse” Riva das investigações promovidas pelos promotores do Patrimônio Público.

“Em verdade, conforme evidenciado à exaustão no caderno investigatório criminal que dá nascedouro a presente inicial acusatória, sobretudo através da análise das interceptações telefônicas e interrogatórios constante nos autos, o advogado Alexandre de Sandro Nery Ferreira foi 'acoplado' à organização criminosa como verdadeiro 'braço jurídico' do bando”, diz trecho da denúncia.

Ainda conforme o documento, a principal função de Nery foi “direcionar as declarações prestadas pelos assessores junto aos Promotores de Justiça a fim de assegurar a ocultação e impunidade de José Geraldo Riva, Maria Helena Ribeiro Ayres Caramelo e Geraldo Lauro, mesmo que para tanto tivesse que dificultar/embaraçar a defesa técnica dos assistidos”.

Maria Helena e Geraldo Lauro também foram denunciados no suposto esquema e, de acordo com as investigações, também compunham o esquema central dos desvios.

Depoimentos

Ainda conforme o Gaeco, a atuação de Nery foi detalhada por servidores que prestaram depoimentos ao Ministério Público.

A funcionária Marisol Castro Sodré, uma das denunciadas, relatou que prestou declarações ao promotor Wagner Cesar Fachone, do Gaeco, na companhia de Alexandre Nery. O advogado, segundo depoimento, teria sido indicado a ela por Maria Helena Caramelo.

Situação mostra que José Geraldo Riva sempre confundiu o público com o privado, tratando a coisa pública como se esta lhe pertencesse

“O referido advogado durante o deslocamento da Assembleia Legislativa até a promotoria foi orientando a interrogada no sentido de 'não se lembrar de nada' em relação aos fatos ocorridos e possivelmente a serem questionados pelo Promotor, bem como não exteriorizar nenhum fato ou assunto que pudesse transformar o procedimento em um processo criminal”, diz trecho da denúncia.

“Tais assertivas, aliada a outras constantes dos autos, sugeriam que as ‘orientações’ prestadas pelo advogado Alexandre de Sandro Nery tergiversaram para verdadeiro crime de coação no curso do processo”, completou.

“Sicários do dinheiro público”

Também na denúncia oferecida ao Judiciário, os promotores do Gaeco lembraram que, apesar de ocupar cargo em comissão na Assembleia Legislativa, Alexandre Nery também figurava como advogado particular de José Riva em inúmeras ações penais.

Segundo o Gaeco, tal situação evidencia que Riva “confundia” a coisa pública com a privada.

“Esta situação é apenas mais uma dentro de um universo de fatos que demonstram que José Geraldo Riva sempre confundiu o público com o privado, tratando a coisa pública como se esta lhe pertencesse”.

O Gaeco apontou ainda que Riva “considerava os servidores públicos que se encontravam sob a sua batuta como um verdadeiro exército de ‘sicários do dinheiro público’, utilizados e reutilizados por ele com o desiderato de enriquecer e se manter no poder”.

Outro lado

A reportagerm tentou contato com o advogado Alexandre Nery, mas ele não se posicionou sobre o assunto.

Em recente nota encaminhada à imprensa, ele afirmou apenas que foi ouvido pelos por promotores do Gaeco, no último dia 19, ocasião em que fez alguns esclarecimentos ao Grupo.

"Prestei esclarecimentos sobre o exercício da minha função enquanto advogado, especificamente em relação a pessoas investigadas na denominada Operação Metástase", diz trecho da nota.

Nery informou ainda que prestou os esclarecimentos "observando os limites e estrito respeito às minhas obrigações éticas e legais, notadamente quanto a inviolabilidade e sigilo sobre informações recebidas e interesse dos meus clientes, então a mim confiadas".

Leia mais sobre o assunto:

Servidores que emitiam "notas frias" ficavam com 10%, diz MPE

Gaeco: Riva desviou dinheiro para “compra antecipada de votos”

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