DA REDAÇÃO
O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MT) emitiu, na terça-feira (6), uma nota de repúdio contra um médico de Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá) que ofendeu os profissionais de enfermagem em suas redes socais ao afirmar que a categoria não merecia um piso e que "cada pessoa ganha o quanto é capaz de produzir", não sendo necessária uma lei para "estipular que todo mundo deve ganhar mais".
Em um stories no Instagram, o médico Pedro Silva respondeu a uma pergunta sobre a suspensão do piso salarial da enfermagem, ocorrido no último domingo (4), após uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Roberto Barroso.
O médico afirmou que a lei foi "eleitoreira" e "realizada de maneira apressada". Ele ainda escreveu que conhece "alguns profissionais que não sabem o português básico, como justificar um salário de quase 5 mil reais?".
Ao receber a denúncia sobre as ofensas do médico à categoria, o Coren-MT decidiu emitir nota de repúdio e também dar início ao processo que poderá determinar a realização de um desagravo público contra o médico. O desagravo é um ato de defesa dos profissionais da enfermagem que foram afrontados pelas ações e/ou discurso de trabalhadores de outras categorias.
Confira a nota de repúdio na íntegra:
O Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT) vem a publico se manifestar contra o médico Pedro Silva, que ofendeu toda uma categoria em uma postagem contra o piso da enfermagem. Esse tipo de postura ofende não apenas os profissionais da enfermagem que atuam em Rondonópolis, mas os de todo o estado, que tiveram não só o seu piso questionado, como também foram alvo de deboche por parte do médico.
Fruto de uma luta de mais de 20 anos, o piso salarial da enfermagem foi estudado e pensado para não só valorizar a categoria, mas também por ser um valor viável tanto na rede pública quanto na privada.
Além de constitucional, já que o piso da enfermagem agora faz parte da Constituição Federal, a valorização da categoria é viável, pois segundo estudo realizado pela Câmara dos Deputados, o custo anual dessa valorização é de 2,7% do PIB da saúde, 4% do orçamento do SUS, 2% de acréscimo na massa salarial dos contratantes e 4,8% do faturamento dos planos de saúde em 2020.
A atitude deste médico demonstra desrespeito com o trabalho da categoria, que esteve na linha de frente durante a pandemia e é responsável pela assistência aos pacientes 24 horas por dia, 7 dias por semana. Suas palavras mostram também a falta de empatia com os profissionais que são a espinha dorsal da saúde e possuem impacto direto na qualidade e na segurança da assistência prestada aos cidadãos.
Informamos ainda que esta ofensa não passará impune e que o Coren-MT tomará todas as medidas necessárias para que o médico se retrate com toda a categoria ofendida. Enfatizamos a importância do respeito ao trabalho dos mais 35 mil profissionais da enfermagem de Mato Grosso e dos mais de 2,7 milhões de trabalhadores da categoria em todo o país.
Cuiabá, 6 de setembro de 2022.
Diretoria do Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso
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