ALLAN PEREIRA
Da Redação
A autônoma Leudiane Prates Ribeiro denunciou para a Polícia Civil e Ministério Público que policiais do 22º Batalhão da Polícia Militar de Peixoto de Azevedo estão envolvidos no desaparecimento do seu filho, o adolescente Pedro Henrique Ribeiro, de 17 anos. O menor não é visto desde a última sexta-feira (6).
Para cobrar informações do paredeiro do filho, Leudiane protestou contra a Polícia Militar, nesta segunda-feira (10). A manifestação reuniu poucas pessoas. A mãe diz que quer informações dele mesmo morto. "Nós queremos ele vivo ou morto para podermos ter paz no coração. O Pedro tem família. Esse crime não ficará impune e não vai cair no esquecimento", escreveu em um cartaz.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Mato Grosso, também pediu que a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) investigue a atuação dos policiais e o desaparecimento do adolescente.
Leia mais:
Bandidos roubam maçonaria em VG e fazem arrastão em bairro nobre de Cuiabá
O caso do desaparecimento foi publicado pelo site A Bronca Popular e confirmada pelo Midiajur, após ter acesso ao boletim de ocorrência registrado por Leudiane Prates Ribeiro na Polícia Civil e na Promotoria de Justiça de Peixoto de Azevedo.
De acordo com os relatos dados às entidades, Pedro Henrique estaria desaparecido desde às 14h da última sexta-feira (6), quando teria pego a moto de sua prima emprestada e dito que iria cortar o cabelo.
A mãe descobriu, depois, que o filho foi à casa de uma amiga, cujo esposo seria traficante. No local, quatro policiais, sendo dois fardados e dois sem farda, estavam na residência. A partir do relato de uma testemunha, Leudiane soube que o filho chegou com os militares já dentro da residência.
A dona da casa conseguiu fugir, mas Pedro Henrique foi colocado dentro de um carro e levado pelos policiais. Leudiane recebeu a informação de que o filho havia sido preso pela Polícia Militar e foi até o batalhão para tentar descobrir o paradeiro do filho.
Mas, ao chegar na unidade policial, a mulher recebeu a informação dos policiais de que não tinha nenhuma pessoa com o nome do filho e que um garoto com as mesmas características saiu do batalhão da PM entre às 14h26 e 15h40.
Em seguida, a mãe procurou a delegacia da Polícia Civil de Peixoto de Azevedo. A mulher também descobriu que ninguém com o nome do filho foi levado para a unidade. É obrigatório que, após a prisão, a Polícia Militar conduza a pessoa presa para a Polícia Civil.
A mãe também tentou procurar o filho na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e demais unidades hospitalares do município, mas sem sucesso. Durante as buscas, ela tentou ligar para o telefone celular do filho. Ninguém atendia a ligação e, em dado momento, o aparelho parou de chamar e ficou sem sinal de internet.
Uma testemunha contou para a mãe que viu o adolescente no Batalhão da PM de Peixoto e que ele, junto com ela, foram agredidos pelos policiais dentro da unidade policial. Ela relatou que imagens de câmeras de segurança podem ter filmado a ação. Mas os equipamentos foram desligados e teriam sido retirados após o episódio de violência.
A mãe aguarda as investigações da Polícia Civil sobre o caso.
Comissão da OAB pede investigação da Sesp
Em ofícios, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Mato Grosso, juntou o boletim de ocorrência e o relato registrado no Ministério Público para que a Sesp investigue a atuação dos policiais e o desaparecimento de Pedro Henrique.
O vice-presidente da OAB-MT e o presidente da CDH, os advogados José Carlos Guimarães Júnior e Flávio José Ferreira, apontam que foram procurados por Leudiane para pedir ajuda na localização do filho.
"As declarações prestadas nos documentos supracitados (anexo), também dão conta de que um oficial da polícia militar teria agredido o menor desaparecido, e uma testemunha que esteve no local e relatou que tudo estava sendo gravado pelas câmeras de segurança.
Ante o exposto, respeitosamente, requer informações a respeito da abertura de inquérito para apurar o suposto desaparecimento, bem como sejam adotas medidas para apurar eventual crime de tortura e/ou abuso de autoridade", destacam os juristas.
Outro lado
Em nota enviada a imprensa, a assessoria da Polícia Militar informou que o "menor foi abordado pela equipe policial por suspeita de tráfico de drogas e liberado após nada de ilícito ser encontrado com ele".
A PM aponta também que "está em trabalho conjunto com as autoridades competentes na investigação sobre o desaparecimento" de Pedro Henrique.
Confira a nota completa
NOTA
A Polícia Militar informa que está em trabalho conjunto com as autoridades competentes na investigação sobre o desaparecimento de um menor, de 17 anos, ocorrido no dia 06 de outubro, em Peixoto de Azevedo.
Informações do 22º Batalhão de Peixoto de Azevedo são de que o menor foi abordado pela equipe policial, por suspeita de tráfico de drogas, e liberado após nada de ilícito ser encontrado com ele.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.