ALLAN PEREIRA E MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Ex-senador, empresários mato-grossenses e de outros Estados, fazendeiros listados por trabalho escravo e até os donos da Universidade de Várzea Grande (Universidade de Várzea Grande (Univag) estão entre os 201 donos de propriedades que podem sofrer desapropriação para a demarcação da Terra Indígena Kapôt Nhinore.
A área fica sobre três municípios da parte norte do Araguaia em Mato Grosso e da parte sul do Pará. Há diversas fazendas de grande porte com áreas que chegam a até 29 mil hectares. Em média, são propriedades com 1,2 mil hectares.
O anúncio do avanço da demarcação foi feito pela presidente da Funai, Joênia Wapichana, durante o evento "Chamado Raoni", que reuniu mais de 800 indígenas de 54 povos do Brasil, na Aldeia Piaraçu, em São José do Xingu. Os estudos foram concluídos e estão em fase de questionamentos.
Se for demarcada, a TI de 360 mil hectares incidirá sobre os municípios de Vila Rica, Santa Cruz do Xingu, e também em São Félix do Xingu, no Pará. Na região, há pelo menos 60 indivíduos já identificados das etnias Capot/Nhinore (Isolados), Mebengôkre Kayapó e Yudja.
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Conforme apuração do Midiajur na lista de proprietários das fazendas, anexada pela Funai ao processo de demarcação, uma das fazendas pertence ao fundador da empresa Nutribas, Otacílio Lucion, que morreu em 2016. A propriedade de 1.839,88 hectares está com seus herdeiros.
Outro nome da lista é do ex-senador por Mato Grosso, Gilberto Flávio Goellner, dono de mais de mil hectares de fazenda na área que se pretende demarcar a terra indígena. Ele era suplente, assumiu em definitivo a cadeira no Senado depois da morte do senador Jonas Pinheiro e ficou até janeiro de 2011 no cargo.
O empresário Leoclides Bigolin, dono de lojas de material de construção que leva o seu sobrenome, é dono da fazenda Águia Branca. A propriedade, também localizada em Mato Grosso, tem 188,51 hectares de extensão.
Já o fazendeiro Nei Amâncio da Costa, que já apareceu na lista do trabalho escravo, é dono de duas fazendas que estão na área de interesse dos indígenas. Juntas, elas somam mais de 7,3 mil hectares de extensão. Uma das fazendas está no Estado do Pará, e outra em Mato Grosso.
Os proprietários do Centro Universitário de Várzea Grande (Univag), Drauzio Antonio Medeiros e Maura Mary Christian Gomes Medeiros, são donos de duas fazendas no Pará. As propriedades somam mais de 9,6 mil hectares. Os terrenos estão no nome da empresa Construtora Sitio Novo Ltda, que tem o casal como proprietário.
A lista de 201 nomes contém nomes de pessoas físicas, empresas de diversos ramos e holdings.
Entenda a demarcação da TI Kapôt Nhinore
O território da etnia Kayapó fica no extremo Norte do Estado e atravessa a divisa com o Pará. A área já delimitada tem início nos limites do Parque Indígena do Xingu - um território indígena estabelecido em 1961. Os estudos de demarcação da TI Kapôt Nhinore estão em fase de contestação na Funai.
O local delimitado hoje tem 362,2 mil hectares é classificada pelo órgão como uma área sagrada para o povo kayapó.
O líder do povo Kayapó e liderança do ativismo indígena, cacique Raoni Metuktire, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a demarcação da Terra Indígena Kapôt Nhinore. Inclusive, o território tem, entre algumas comunidades, a aldeia onde nasceu o próprio Raoni.
A proposta de demarcação desagradou a classe política mato-grossense, que se movimenta para barrar a demarcação.
Veja a lista dos proprietários de fazendas na TI Kapôt Nhinore:
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Candida. 07/08/2023
Invasor não é proprietário!!!
DIVINO JOSE ESTEVAN 06/08/2023
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Jeves Bejame 06/08/2023
Não há necessidade alguma de adentrar-se a essas reservas indígenas, desmatar para produzir é preciso que invistam em terras que já foram desmatadas a muito tempo e com baixíssima produtividade.
3 comentários