ALLAN PEREIRA
DA REDAÇÃO
Investigações da Polícia Civil de Cáceres (a 225 km de Cuiabá) identificaram que o grupo do Comando Vermelho (CV) do município tinha uma lista de 20 pessoas juradas de morte, incluindo policiais, por estarem supostamente ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo um pedido de prisão temporária na qual o MidiaJur teve acesso.
O cumprimento desta lista levou o jovem soldado do Exército, Thiago de Brito Almeida, a ser executado aos 19 anos por engano no início deste ano no município em janeiro deste ano.
A polícia aponta que o autor dos disparos foi o traficante Jailson Buck Rodrigues, um dos principais líderes do Comando Vermelho em Cáceres e conhecido como "Cangaceiro". Cerca de 8 meses depois, Jailson foi morto por colegas de cela na cadeia pública de Cáceres, no início desta semana.
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Segundo as investigações da Polícia Civil, além da lista, o Comando Vermelho teria indicado pessoas, armas e veículos para o cumprimento da sentença dos jurados de morte pela facção.
A lista é fruto da guerra entre o CV e o PCC pelo domínio do municio de Cáceres, porta de entrada para drogas e entorpecentes em Mato Grosso e no Brasil, além de ser motivada por vingança pela morte de um membro do CV supostamente a mando do PCC no início deste ano.
Os investigadores da polícia de Cáceres destacam que a guerra entre as facções começou com a morte de um homem identificado como Eduardo Henrique, conhecido como "Pesadelo" e membro do Comando Vermelho, que teria sido atraído por uma amiga que era ex-namorada de um membro do PCC chamado "Denis".
Na ocasião, Pesadelo havia sido convidado para tomar tereré na casa dessa amiga e foi assassinado no momento em que chegava na residência, por um suspeito.
O CV acreditou que Pesadelo foi atraído para uma emboscada. Em seguida, um dos líderes da facção na região oeste de Mato Grosso, identificado como “Tuta” ou “Mercúrio”, ordenou a execução de membros do PCC, inclusive familiares ou amigos próximos que tivesse algum tipo de envolvimento com a facção rival. Ele próprio teria montado a lista, segundo confessou aos policiais.
Foi durante o cumprimento dessa lista que o soldado do Exército, Thiago Almdeia, foi morto por Jailson. Na ocasião, o soldado estava em uma quadra de esportes do bairro Cohab Nova, quando foi abordado pelo suspeito e mais três comparsas. Os faccionados chegaram em uma Corsa Classic e procuravam Denis.
Denis não estava mais na quadra. Joilson se aproximou então de Thiago e teria perguntado a ele com quem ela estaria fechada – se com o CV ou PCC. O jovem teria respondido que não estava fechado com ninguém e que era militar do Exército.
Logo em seguida, de acordo com o documento da Polícia Civil, Jailson teria dito que não gostava da camiseta de flamengo que Thiago usava. O soldado ficou amedrontado, virou de cotas e correu. Foi durante a fuga que o jovem foi morto pelo suspeito.
Os membros do Comando Vermelho reconhecem que ele foi assassinado por ser uma "vítima aleatória". Tuta chegou a mandar um áudio para os faccionados dizendo que queria ver a reação do PCC e que a culpa da morte do soldado era da organização criminosa rival por disputar o controle da cidade. Para demonstrar o poder, o líder disse que a facção tinha 25 mil membros.
Já Jailson, que estava preso desde maio desde maio deste ano pela suposta participação na morte de Thiago, foi encontrado morto depois de uma sessão de espancamento dentro da cela da Cadeia Pública de Cáceres.
De acordo com a Polícia Civil, os 25 detentos e membros do Comando Vermelho que estavam presos com Jailson foram interrogados e autuados em flagrante pelo crime de homicídio.
A Polícia Civil continua a investigar a morte de Jailson e de Thiago, que estão ligados a complexa teia de disputas de facções criminosas do Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital, pelo território de Cáceres.
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