MARINA CINTRA
Da Redação
"Eu sabia que não ia morrer", afirmou o chapadense Jonilson Castro, de 59 anos, que ficou dois dias desaparecido com um amigo em uma região de mata conhecida como Cabeceira do Rio Claro, em Chapada dos Guimarães, no início da semana passada.
Para o Midiajur, Jonilson contou que enfrentou frio e chuva, se perdeu do amigo, ficou sozinho e, por pouco, não ficou de cara com uma onça. “Eu não conseguia pensar em mim, mas somente na minha família. Pensei na minha mãe, na minha esposa e nos meus filhos", comentou sobre seu estado mental durante o período em que esteve na mata.
O chapadense disse que, há 10 anos, faz a colheita de pequi nessa mesma região de mata em Chapada dos Guimarães. Como de costume, Jonilson e um companheiro de caça foram juntos na última segunda-feira (1) até a região. Eles acharam os pequis e pretendiam levar os frutos até o carro, que ficou em uma estrada vicinal. Mas, dessa vez, ele e o amigo não conseguiram voltar até o veículo e ficaram perdidos.
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Por ser descendente de indígenas e obter conhecimento da área de mata, o chapadense destacou que eles enfrentram muita chuva e frio durante a noite do primeiro dia. "Só Deus para aquecer a gente", exclamou. Foi também no primeiro dia que ele e o amigo escutaram o rugir de onças.
Em determinado momento, os amigos se separaram e ele esteve sozinho até ser encontrado.
divulgação/MidiaJur
Jonilson (esq) sobreviveu a base de mangaba durante os dois dias perdidos na mata.
"Meu companheiro estava com o joelho deslocado e foi procurar um local com mata menos fechada para descer e acabei que não consegui voltar. Eu fui procurar ele, mesmo com medo. Talvez fosse uma onça que pegou ele ou caiu de cabeça em uma pedra. Mas não encontrei nada. Já não dava mais para prosseguir, então eu permaneci no local. Achei um pé de lixeira, coloquei umas folhas e ali eu fiquei”, relatou.
Durante o perído na mata, o chapadense contou que sobreviveu a base de mangaba e cascudo do cerrado.
Eu não conseguia pensar em mim, mas somente na minha família. Mas, eu sabia que não ia morrer, em algum lugar eu iria sair. Eu tenho um pouco de conhecimento de mata, então eu sobrevivi a base de mangaba e cascudo do cerrado
No dia seguinte, Jonilson escutou as pessoas gritando seu nome na mata. Ele respondia, mas eles não o escutavam. “Foi então que lá pela meia noite eles soltaram fogos e eu vi a direção. Pela manhã, por volta de 4h, eles soltaram os fogos novamente, eu marquei a direção e fui de encontro a eles”, explicou.
Para ajudar, o filho de Jonilson acionou o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso que iniciou as buscas na segunda-feira (1) seguindo até quarta-feira (03), quando o segundo chapadense foi encontrado.
As buscas pelo chapadense na mata
O jovem conseguiu rastrear o celular do pai e detectar coordenadas de onde os dois homens poderiam estar. Com as informações repassadas por ele, a equipe de bombeiros especializada em busca e resgate com cães se deslocou ao local. Foram realizadas buscas nos possíveis locais de rotas frequentadas durante a colheita de pequi e nas imediações da região.
Os bombeiros se dividiram em duas frentes. Uma se concentrou na área principal indicada pelas informações disponíveis, mas não encontrou nada. Enquanto isso, a outra equipe localizou o carro com os pertences dos desaparecidos. No decorrer das buscas, os bombeiros contaram com a colaboração de um especialista local, além de cerca de 40 familiares e amigos das vítimas.
"A lição que eu tiro desse acontecimento é: não apavore, fique tranquilo e marque um rumo. Seja a lua, o sol... Você olhando essas coisas, conseguirá ter uma noção de onde você está ou de onde entrar. Eu descuidei, pois a gente estava tão acostumado e acabei não me atentando. Mas fiquei alegre ao ver todo mundo me procurando", finalizou Jonilson.
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