AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
O promotor de Justiça Marco Aurélio Castro, coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), revelou que as investigações da Operação Rêmora irão avançar no sentido de averiguar os contratos firmados entre a Dínamo Construtora, do empresário Giovani Guizardi, e o Governo do Estado.
Preso durante a deflagração da operação, no dia 3 de maio, Guizardi é acusado de ser o líder de um esquema de fraudes em contratos de reforma de escolas na Seduc e cobrança de propina.
De acordo com Marco Aurélio, após a deflagração da operação e o colhimento de documentos e depoimentos, constatou-se que o suposto esquema de corrupção investigado é

Se ele operava corrupção em contratos que ele não tinha gestão, junto a Seduc, me surge a duvida se estes contratos com a Sinfra, neste momento, também não precisam ser avaliados sobre a ótica de ter tido algum tipo de corrupção
maior do que se imagina e pode estar presente em outras secretarias de Estado.
“Novidades virão. Essa corrupção não me parece tão localizada como a gente achava que era. Já temos a informação de que o empresário que está preso tinha vários contratos em outras pastas. Isso merece uma análise do Ministério Público, como também pelo próprio Governo, por conta de o seu poder de autotutela”, afirmou.
Conforme informações do próprio Governo do Estado, a Dínamo possui contratos de prestação de serviços no valor de R$ 93 milhões com a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra).
O coordenador do Gaeco revela que tais contratos também podem ser parte de um suposto esquema de corrupção.
“Guizardi tem contrato com a Sinfra. Se ele operava corrupção em contratos que ele não tinha gestão, junto a Seduc – pois ele não tinha contrato com a Pasta -, me surge a dúvida se estes contratos com a Sinfra, neste momento, também não precisam ser avaliados sobre a ótica de ter tido algum tipo de corrupção”, completou.
Guizardi está preso no Centro de Custódia de Cuiabá. Ele foi flagrado em vários vídeos, feitos por um empresário, definindo loteamento de obras e recebendo R$ 4 mil de propina.
Próximas fases
O promotor de Justiça Marco Aurélio ainda afirmou que a Operação Rêmora busca identificar a destinação do dinheiro supostamente desviado, por meio do pagamento de propina.
“Independentemente do depoimento dos acusados, neste momento nós temos provas cabais de que estas pessoas que foram denunciadas e presas têm envolvimento nesta organização criminosa. O maior desafio do Ministério Público é prosseguir na investigação e verificar a quem este dinheiro se destinava. Nós já temos alguns indicativos”, disse.
“Como toda a corrupção, este dinheiro se destina a alguém maior que os próprios executores. Cabe agora ao Estado e ao Ministério Público enveredar nesta esfera e, diante das circunstancias, delinear quem é quem e, sempre com base em provas”, declarou.
Operação Rêmora
A Operação Rêmora investiga um esquema de fraudes que pode ter ultrapassado o montante de R$ 56 milhões em obras.
Segundo o MPE, a organização atuava em licitações e contratos administrativos de obras públicas de construção e reforma de escolas da Secretaria de Estado de Educação (Seduc/MT).
Ainda conforme o Gaeco, as fraudes começaram a ocorrer em outubro de 2015 e dizem respeito a, pelo menos, 23 obras de construção e reforma de escolas públicas em diversas cidades do Estado, totalizando R$ 56 milhões.
As investigações apontaram também que o grupo seria composto por três núcleos: de agentes públicos, de operações e de empresários.
O núcleo de operações, após receber informações privilegiadas das licitações públicas para construções e reformas de escolas públicas estaduais, organizou reuniões para prejudicar a livre concorrência das licitações, distribuindo as respectivas obras para 23 empresas, que integram o núcleo de empresários.
Por sua vez, o núcleo dos agentes públicos era responsável por repassar as informações privilegiadas das obras que iriam ocorrer. Eles garantiam, segundo o MPE, que as fraudes nos processos licitatórios fossem exitosas, além de terem acesso e controlar os recebimentos dos empreiteiros para garantir o pagamento da propina.
Já o núcleo de empresários, que se originou da evolução de um cartel formado pelas empresas do ramo da construção civil, se caracterizava pela organização e coesão de seus membros, que realmente logravam, com isso, evitar integralmente a competição entre as empresas, de forma que todas pudessem ser beneficiadas pelo acordo.
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