DA REDAÇÃO
Moradores da comunidade Altos do Ubirajara, em Cuiabá, foram surpreendidos na madrugada desta quinta-feira (7), com máquinas e viaturas policiais dispostas à desocupação da área. O local fica às margens da Rodovia Emanuel Pinheiro, a chamada Estrada de Chapada. Por lá, vivem 159 famílias formadas por crianças adultos e idosos.
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Aparecida de Jesus, que mora no local há cerca de um ano, conta que precisou ligar para a filha que ainda estava dormindo durante a chegada da PM. Ela conta que não tem para onde levar a família.
"Foi entrando um monte de carro de polícia. Aí eu liguei para minha filha, que estava até dormindo e não estava sabendo do que estava acontecendo, eu falei pra levantar rápido”, conta Aparecida.
“Como vocês estão vendo a minha casa é metade de lona, metade de madeira. Para estar aqui, cada morador teve que suar, carpir, rastelar, a gente não quer nada, não quer ajuda de nada, a gente só quer ficar aqui porque nós investimos, você pode achar que é uma madeira velha, mas se você for no material de construção ver o preço dela. Isso é muito triste, revoltante, porque se tirar nós aqui eu não tenho para onde ir”, explicou Monique Ângela mora no local com o esposo e o filho de três filhos.
A decisão determinou a desocupação do terreno com urgência. O deputado estadual Wilson Santos (PSDB) está no local e acompanha a desocupação, tentando barrar ação.
Wilson Santos saiu em defesa dos moradores e ressaltou a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu qualquer ação como a de desocupação de terrenos até 30 de junho de 2022.
“Estou aqui desde as 6h, estamos aguardando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisar um mandado de segurança que impetramos, onde solicitamos uma liminar para que se respeite a decisão do Supremo e casse a decisão da Comarca de Cuiabá”, declarou Wilson.
Ele garantiu que a Polícia Militar está cumprindo ordem, mas disse que se houver violência e descumprimento do que diz o mandado irá tomar providências.
"Estou com a ordem de despejo e ela é clara: pra tirar vocês daqui tem que garantir um local seguro pra vocês. A PM está cumprindo ordem, só não podo praticar violência,. Não temos problema com a polícia, mas se praticaram violência vamos filmar e tomar todas as providências", disse.
"Temos dois caminhos: sairmos todos pacificamente ou resistirmos aqui dentro e não aceitarmos sair. Isso tem que ser feito de forma organizada. Vou ao TJ, vou ao governador para tentar encontrar uma solução negociada agora. Inclusive a ocupação da escola municipal até que tudo se resolva. vamos buscar uma solução pacífica", completou.
O deputado continua no local tentando uma solução pacífica. Ele já entrou em contato com o TJ e com o governo. Santos classificou a ação como 'um absurdo que estaria ocorrendo em pleno século 21', ao apontar a discrepância e a quebra de autoridade às instâncias superiores de um magistrado de primeira instância, em Mato Grosso, desrespeitando uma decisão do Supremo Tribunal Federal.
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