O Brasil é o país com maior diversidade de macacos do mundo e tem mais de um quinto das espécies ameaçadas de extinção. Duas espécies, o Guigó-da-Caatinga e o Sauim-de-coleira, foram incluídas na lista global dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. O zogue-zogue-de-Mato-Grosso e o macaco-aranha-de-cara-branca (Alta Floresta/MT) receberam menção de alerta na lista atualizada.
A observação de primatas é frequentemente citada como uma atividade econômica lucrativa que pode ser uma estratégia de conservação poderosa se forem adotadas boas práticas. O tema foi amplamente discutido em agosto deste ano, no 29º Congresso da Sociedade Internacional de Primatologia realizado em Kuching, Malásia.
O evento apresentou uma série de experiências e histórias de sucesso na observação de primatas em todo o mundo, discutindo riscos e desafios para melhorar esta atividade com qualidade e segurança, e recolher contribuições para estabelecer orientações de como proceder de forma a não provocar impactos negativos à sobrevivência dos macacos.
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No painel, “Observação de Primatas: potencialidades e desafios para a conservação de primatas e dos seus habitats naturais em todo o Mundo” o primatólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT - campus Sinop), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Conselheiro do Instituto Ecotono, Gustavo Canale, fez uma apresentação do potencial turístico de observação de diversas espécies de primatas na Amazônia de Mato Grosso e na Terra Indígena do Xingu.
As RPPNs Cristalino e o Cristalino Lodge foram apontados como um hotspot na atividade turística de observação de primatas. Foram apresentadas experiências bem-sucedidas na Ásia e no Brasil com participação de pesquisadores de diversos lugares do mundo.
A região de Alta Floresta tem enorme relevância para o turismo de observação de primatas por abrigar primatas raros e recentemente descobertos. É o caso da espécie Plecturocebus grovesi (zogue-zogue), descrita pela ciência recentemente e criticamente em perigo de extinção, uma das espécies mais ameaçadas do mundo.
Canale, junto ao Instituto Ecótono, iniciou estudos sobre a observação de primatas desenvolvida pelo Cristalino Lodge nas trilhas das RPPNs Cristalino, localizada em Mato Grosso e sul da Amazônia. Este servirá como modelo turístico com práticas sustentáveis para a proteção de populações de macacos. Ao todo são encontradas 6 espécies de primatas na área, entre elas o macaco-aranha-de-cara-branca (Ateles marginatus), espécie considerada em perigo de extinção.
Outra área foco de esforços do Instituto Ecótono, é o Jardim da Amazônia, em São José do Rio Claro, também em Mato Grosso, mas que abriga outras espécies de primatas, como uma espécie ameaçada de macaco-prego, o macaco-prego-do-amarelo, e uma espécie de parauacu ou macaco-velho, que está vulnerável a extinção.
Foi apresentado e discutido um guia de boas práticas para observação de primatas elaborado pelo Grupo de Especialistas em Primatas, com regras básicas e melhores práticas para essa atividade ecoturística.
O evento contou ainda com a participação de especialistas importantes como o Chefe Executivo de Conservação da Re:Wild e Chefe do Grupo de Especialistas em Primatas da UICN, Russ Mittermeier; o Chefe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Primatas Brasileiros do ICMBio, e Delegado Chefe do Grupo de Especialistas em Primatas, Leandro Jerusalinsky; Andie Ang do Mandai Nature (Vietnã) e Delegada Chefe do Grupo de Especialistas em Primatas; Mark Harrison da Borneo Nature Foundation, e Sian Waters, Vice-Chefe de Interações Humanos-Primatas do Grupo de Especialistas em Primatas da UICN.
Mais informações: [email protected]
Fotos: Gustavo Canale
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Aguinaldo Marques Nantes 10/09/2023
Agronegócio vai matar todos... O negócio é muito lucro e fazer comer agrotóxicos... Agrotóxicos, o nome já fiz AGRO...
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