ALLAN PEREIRA
Da Redação
Os três suspeitos do homicídio do advogado Roberto Zampieri, de 56 anos, deixaram diversos rastros que permitiram sua identificação e o suposto envolvimento com o crime.
Em coletiva de imprensa, o delegado Edison Pick, que coodena as investigações do assassinato na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), avaliou que a execução do crime foi mal feita.
"Como circulou na mídia, também recebemos os vídeos da vigilância do escritório. A empreitada que os executores realizaram, mal feita, expôs a face deles. Com a face, conseguimos identificá-los", destacou.
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O instrutor de tiros Hedilerson Fialho Martins Barbosa, o pedreiro Antônio Gomes da Silva e a empresária Maria Angélica Caixeta Gontijo foram presos em Minas Gerais. Neste sábado (23), eles foram transferidos com autorização judicial para Cuiabá, para responder às investigações. Eles chegaram na Capital durante a tarde.
Roberto Zampieri tinha 56 anos e foi assassinado na noite do dia 5 de dezembro, na frente de seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, na Capital. A vítima estava dentro de uma picape Fiat Toro quando foi atingida pelo executor com diversos disparos de arma de fogo.
A investigação da DHPP apontou que Antônio foi o autor dos tiros que matou Roberto Zampieri. O pedreiro foi contratado pelo instrutor Hedilerson, que intermediou o crime a mando da empresária Maria Angélica. O instrutor também teria fornecido a arma para o pedreiro matar o advogado.
De acordo com o delegado Edison, Antônio confessou a autoria do homicídio, mas Hedilerson e Maria Angélica negaram participação no crime.
A investigação da DHPP apontou que a motivação do homicídio pode estar ligada a uma disputa por terras entre Maria Angélica e um homem que é defendido por Zampieri. Antes, o advogado defendia a empresária. Mas, durante algum momento da disputa judicial, Roberto Zampieri mudou de lado e passou a defender o adversário - o motivo de trocar de lado não foi apontado.
Segundo apurado pelo Midiajur, o advogado representava o empresário Evelci de Rossi em uma ação de reintegração de posse que tramita na Vara Única de Ribeirão Cascalheira. A ação foi proposta por Evelci contra Maria Angélica Caixeta Gontijo e os pais dela, Maria de Fátima Caixeta Borges Gontijo e João Moreira Gontijo. O processo envolvia a disputa por uma área chamada "Fazenda Lago Azul" no município mato-grossense.
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O delegado Edison contou que as imagens das câmeras levaram a descobrir que Antônio estava hospedado em um hotel próximo a rodoviária de Cuiabá. Com o auxílio das imagens, os investigadores da DHPP seguiram o passo a passo do suspeito na cidade. As investigações apontam que o executor fez a vigilância de Zampieri por cerca de 30 dias.
Um dia antes da execução, o instrutor de tiros Hedilerson chegou em Cuiabá e entregou a arma para Antônio. A empresária Maria Angélica também chegou na Capital no mesmo dia. A polícia apura se os três se encontraram antes do pedreiro matar o advogado.
Allan Pereira/Midiajur
Boné usado por instrutor no dia do crime e no momento da prisão.
Após entregar a arma para Antonio, Hedilerson foi embora no dia do homicídio, segundo o delegado. Ele foi identificado porque imagens das câmeras mostraram ele usando um boné do clube de tiro, onde ele dá aulas em Belo Horizonte, Minas Gerais. No momento da prisão ele estava usando a peça, que foi apreendida pela polícia.
Edison conta que Antônio foi aluno de Hedilerson em seu clube de tiro. "Ele aprendeu a atirar com o Barbosa. Essa é a relação dos dois. Até o momento, ele não conseguiu ainda o CRAF para seu registro de CAC. Ele não passou nas provas", disse.
O delegado disse que Antônio trabalha como pedreiro e que, tanto ele como Hedilerson, não são matadores profissionais.
O pedreiro também disse para o delegado que foi contratado pelo instrutor e pela empresária por buscarem "uma pessoa com o perfil dele". Ele disse que receberia uma quantia de cerca de R$ 40 mil pela execução. Uma parte já teria sido paga, e a outra iria receber neste sábado, caso não fosse preso.
A polícia apura se a empresária ou Hedilerson deram suporte para a fuga do pedreiro até Minas Gerais.
Prisões e próximos passos
Maria Angélica foi presa por policiais em um posto de combustível de Patos de Mina, interior do sudeste mineiro, na última quinta-feira (21). Ao chegar na delegacia, o delegado Caio Fernando Albuquerque já a encontrou detida. Ele interrogou a empresária, que negou ter mandado matar o advogado.
Edison foi responsável por prender Antônio na capital mineira. Ele confessou o crime e indicou a participação de um terceiro envolvido. "Pedimos ao Judiciário para fazer a prisão, busca e apreensão dele", disse.
Após a Justiça conceder o pedido, Edison foi com uma equipe da Polícia Civil de Minas Gerais prender o instrutor. A prisão foi efetuada no clube de tiro onde Hedilerson dá aulas. Ele possui registro CAC para uma pistola, que estava guardada dentro do cofre e foi apreendida pelos policiais.
A empresária Maria Angélica também forneceu o seu celular pessoal, entregou todas as armas e munições em seu nome, além de seu passaporte. O documento estava vencido. Com os telefones, a polícia busca verificar possíveis contatos entre ela e os outros dois suspeitos.
A empresária vai para a Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto, e os dois homens para a Penitenciária Central do Estado (PCE).
Allan Pereira/Midiajur
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