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GERAL Sexta-feira, 18 de Novembro de 2022, 17:58 - A | A

18 de Novembro de 2022, 17h:58 - A | A

GERAL / MISÉRIA EM MT

“Jogam comida fora, mas não dão”, diz Laurindo, abandonado aos 14 anos

Há seis anos vivendo nas ruas de Cuiabá, o morador relatou episódios de abuso e descaso

MIKHAIL FAVALESSA, ALLAN PEREIRA E LÁZARO THOR
Da Redação



Uma "fome terrível", o descaso e a constante violência policial são narradas por Laurindo Camargo, de 20 anos, como os maiores problemas enfrentados ao viver na ruas de Cuiabá pelos últimos seis anos. Em conversa com o Midiajur, o jovem revelou que algumas pessoas preferem jogar comida fora do que oferecer a quem vive nas ruas. 

O rapaz esteve presente na abertura do “Projeto Cibus – Você tem fome de quê?", realizada na sede do Ministério Público Estadual (MPE) na manhã desta sexta-feira (18), com presença virtual do padre Júlio Lancellotti, sediado em São Paulo.

O padre defendeu diálogo com as pessoas em situação de rua para elaboração de políticas públicas que possam atender às necessidades básicas, como alimentação, e também outras demandas sociais dessa população. 

À reportagem, Laurindo lembrou que foi abandonado na rua quando tinha entre 14 e 15 anos de idade.

"É muito tempo na rua e eu estou procurando albergue. Chega na rua é polícia matando morador de rua, não olha para o cidadão, não dá ajuda, a mão. Quando a polícia olha o morador de rua já quer matar o morador de rua. Não pergunta se quer ajuda, não pergunta, já quer matar ele, quer tirar ele da rua. Mas como? Jogando spray de pimenta, jogando um monte de coisa, e não vê o morador de rua... ajudar, dar a mão, não, só quer pisar em cima dos outros", relatou.

Para comer, o homem depende de duas marmitas diárias doadas, principalmente pela Prefeitura de Cuiabá. Laurindo não tem acesso a outros benefícios, como os garantidos pelo Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do Governo Federal, apesar de ser atendido pelo Centro Pop, da prefeitura.

Depende da marmita. São duas marmitas, não só uma, porque a fome é terrível, é muita fome. Passar na rua parecendo mendigo, é muito... Tem que ir cedo. E o mundo não vê e a coisa é terrível, muito terrível

No momento da entrevista, Laurindo, porém, estava havia dois dias sem comer.

"Estou me sentindo vazio né, sem uma comida saudável, só comendo comida do lixo, é ruim demais. Principalmente aquela sobra do mercado, tudo que sobra de resto, aí eu vou comendo, é ruim demais. O pessoal joga fora a comida, eu vou pedindo, eu falo: não joga fora, dá para mim. E ele "não", joga no chão, infeliz. Joga fora. Não querem dar", continuou.

PADRE DEFENDE POLÍTICAS - O padre Júlio Lancellotti argumentou que as políticas de assistência social precisam passar por um diálogo com os próprios cidadãos vulneráveis para definição de prioridades.

Para Lancellotti, contudo, é preciso garantir ações concretas para necessidades imediatas, como a fome e o acesso à água. Em São Paulo, segundo o religioso, há ainda cerca de 42 mil pessoas em situação de rua sem acesso a água potável.

O padre propôs que todas as igrejas tivessem água disponível aos catadores de reciclados e pessoas em situação, mas pondera: "A gente sabe que é difícil tocar os corações".

"Uma sugestão concreta que a gente faz é sentar com eles, para que junto com eles a gente construa as respostas, muitas vezes a gente quer ter a resposta pronta. Vamos sentar com eles, formar com eles um grupo para construir as possibilidades de garantir a alimentação, garantir a água potável, garantir a superação de todo tipo de violência", defendeu.

Por sua experiência nas ruas da cidade mais populosa da América Latina, o padre projeta que "as pessoas querem comer, mas também querem ser felizes, querem ser partícipes da vida social e da vida nas cidade".

"O Papa Francisco fez um apelo para que nós possamos ouvir todas as pessoas. Minha sugestão é que os irmãos e irmãs em situação de rua sejam ouvidos, sejam feitas audiências públicas e eles possam ser ouvidos para que se construa políticas públicas adequadas", voltou a defender. 

 
 

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MARCOS 18/11/2022

TBM VIVI E VIVO.O QUE É A RUA...FUI ORFAO,VIVI VIOLENCIAS NA INFANCIA E LOGO CEDO FUI PRAS RUAS,NA RUA É COMPLEXO A DESIGUALDE HUMANA,MAS PARABENIZO A ESSE GRANDIOSO MINISTÉRIO PUBLICO,POR ESTAR ABRINDO E ESCUTANDO NOSSAS VOZES,EU ME PROPONHO EM AJUDAR O MELHOR QUE SEI E VEJO,E UM DIA EU POSSA TRABALHAR COMO AGENTE POP RUA EM TODAS SUAS ESFERAS,PRECIZO DE UMA OPRTUNIDADE..UM NOVO VIVER

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