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GERAL Quinta-feira, 28 de Julho de 2022, 06:36 - A | A

28 de Julho de 2022, 06h:36 - A | A

GERAL / OPERAÇÃO GRÃOS DE AREIA

Grupo de empresários criminosos lucrava até R$ 100 mil com carga de soja adulterada

Ao todo são 88 ordens judiciais, sendo 25 mandados de prisão preventiva

DA REDAÇÃO



A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Rondonópolis e Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), deflagrou na manhã desta quinta-feira (28), a Operação Grãos de Areia, para cumprimento de 88 ordens judiciais com o objetivo de desarticular uma organização criminosa voltado para crimes de furto qualificado, estelionato e fraude na entrega de cargas na região sul do estado.

As investigações apontam que os criminosos conseguiam lucrar até R$ 100 mil por de farelo de soja carga desviada.

Na operação são cumpridos 25 mandados de prisão preventiva, 32 mandados de busca e apreensão domiciliar, além de 31 ordens de sequestro de bens. Os mandados expedidos pela Sétima Vara Criminal de Cuiabá são cumpridos nas cidades de Rondonópolis, Pedra Preta, Diamantino e na Capital.

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A operação é fruto da terceira fase de investigação iniciada pela DERF Rondonópolis no mês de março de 2021, quando 10 pessoas foram presas pelos crimes de receptação, roubo e adulteração de cargas de soja, farelo de soja e milho.

Na ocasião, o grupo criminoso foi surpreendido na posse de carga de farelo de soja avaliada em mais de R$ 130 mil, sendo constatado que o grupo pretendia transformar a carga roubada em diversas outras cargas adulteradas que seriam entregues no terminal de cargas ferroviário de Rondonópolis.

Na ação foram mobilizados mais de 112 policiais das Delegacias de Rondonópolis, Itiquira, Guiratinga, Alto Araguaia, Jaciara, Diamantino, GCCO, contando com apoio das equipes de unidades da Diretoria de Atividades Especiais (Defaz, Deccor, GOE, DRE, Dema e Polinter), Diretoria Metropolitana (Derf Cuiabá, Derf Várzea Grande, DERRFVA, Diretoria de Inteligência, Delegacia de Estelionato), Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), além do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Rondonópolis.

Investigações

A investigação conduzida pela Derf Rondonópolis com apoio da GCCO apurou a atuação de um grupo envolvido furto e adulteração de cargas de soja e farelo de soja na cidade de Rondonópolis, tendo como vítima um terminal ferroviário de cargas, principal polo de infraestrutura logística do estado de Mato Grosso, responsável pelo escoamento de boa parte da safra do estado.

Com o prosseguimento das investigações apurou-se a existência de uma verdadeira organização criminosa atuante na cidade de Rondonópolis, compostas por empresários do ramo de transporte e comércio de grãos, agenciadores, motoristas de caminhão e funcionários da empresa vítima, num total de 30 pessoas identificadas envolvidas com a prática dos crimes furto qualificado, estelionato (fraude na entrega da coisa) e associação criminosa.

As investigações apontaram que o grupo criminoso investigando vem atuando em Rondonópolis desde o ano de 2020, contando com a participação de empresários, motoristas de caminhão e funcionários da empresa vítima, tendo desviado aproximadamente 9 mil toneladas de soja e farelo de soja entre os meses de janeiro a março de 2021 (correspondente ao período investigado), com valor estimado de vinte e dois milhões e quinhentos mil reais) em produto subtraído em apenas três meses, havendo fundados indícios de que não houve cessação da atividade criminosa.

Para prática dos crimes foram constituídas empresas do ramo de transporte e comércio de grãos a fim de que pudessem realizar o transporte, adulteração das cargas e posterior comércio da mercadoria desviada com aparência de licitude, sendo identificadas oito pessoas jurídicas envolvidas no esquema.

Modo de ação

No primeiro tipo de crime, o farelo de soja era carregado por integrantes do grupo criminoso em uma empresa em Primavera do Leste com destino ao terminal de cargas em Rondonópolis. Então era realizada a clonagem de outro caminhão com mercadoria adulterada nas empresas da organização criminosa.

O caminhão clonado adentrava no pátio da empresa com a conivência de funcionários envolvidos no esquema e descarregava a mercadoria adulterada. O caminhão com a carga sem adulteração retornava para empresa do investigado, onde era descarregada e posteriormente comercializada por valores abaixo do preço de mercado, gerando um lucro aproximado de R$ 100 mil por carga desviada.

Em outra frente criminosa, com foco nos produtos soja a granel e farelo de soja, era realizado o aliciamento dos motoristas de caminhão e as cargas sem adulteração provenientes de todo o estado Mato Grosso eram levadas até a empresas dos investigados, onde eram adulteradas com areia para após serem entregues no terminal ferroviário

Foram identificados oito empresários, nove motoristas, seis funcionários da empresa vítima, além de sete outras pessoas, responsáveis pelo agenciamento, contabilidade e comércio das cargas desviadas.

A organização criminosa oferecia grande quantidade de dinheiro para que funcionários da empresa vítima fossem coniventes com as fraudes e quando não conseguiam cooptar os funcionários proferiam ameaças de morte como forma de intimidação.

Segundo o delegado da Derf Rondonópolis, Santiago Rozendo Sanches, o grupo criminoso aproveitava da grande quantidade de grãos transportados pelo terminal de cargas (média de mil caminhões dia) para a consumação dos crimes. "Após a descarga dos vagões de trem e mistura do produto é de difícil constatação que se trata de material adulterado", explicou o delegado.

O delegado titular da GCCO, Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, destacou objetivo da operação é a desestabilização da organização criminosa e cessação dos crimes praticados pelo grupo, "As investigações seguem em andamento para apuração da responsabilidade dos receptadores (pessoas que adquiriram grãos do grupo investigados), além de possíveis crimes de lavagem de dinheiro e possíveis crimes tributários praticados pelos investigados", disse.

Nome da operação

A operação foi batizada de grãos de areia em razão do principal insumo utilizado para adulteração de cargas. Um dos investigados e líder do grupo criminoso adquiriu em três meses areia suficiente para construir um prédio de 30 andares, mesmo não atuando no ramo da construção civil, restando apurado que se tratava da matéria prima utilizada nos crimes.

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