ALLAN PEREIRA
Da Redação
A mãe do trabalhador rural Luís André Silva Saraiva, de 33 anos, conseguiu falar com o filho internado no Hospital Regional de Sinop (a 500 km de Cuiabá) e relata ao MidiaJur que ele reafirmou a divergência política como principal motivo para ser esfaqueado pelo amigo identificado como Lucas Dias.
A informação continua a divergir da declaração feita pelo delegado da Polícia Civil de Sinop, Hugo Ângelo Reck de Mendonça, que negou que a tentativa de homicídio de Luís André tenha cunho político.
Segundo Francisca do Carmo Silva, o filho levou até dez facadas, e não sete como tinha sido informado inicialmente. O ataque ocorreu logo depois do resultados das eleições, na noite do último domingo (2), em conjunto de kitnets de Sinop. Luís André e Lucas teriam realizado uma aposta sobre o resultado das eleições para presidente no primeiro turno. O trabalhador rural votou em Lula, enquanto o suspeito votou no atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Francisca, que mora com o marido no interior de São Paulo, chegou em Sinop na tarde desta quarta-feira (5). Durante a noite, ela conseguiu acesso ao leito do filho e falar com ele. Luís também tinha sido retirado do coma induzido naquele dia.
"O quadro dele é estável. Mas não dá para dizer que está fora de perigo por que ele respira através de oxigênio. As facadas perfuraram o pulmão, mas o próprio médico falou, tendo em vista da situação que ele deu entrada no hospital para o jeito que ele está hoje, ele está salvo", disse.
A mãe da vítima confirma que o filho falou com a polícia nesta quarta (06). Após ser ouvido pelos investigadores, o delegado Hugo convocou a coletiva e disse que o trabalhador rural relatou aos agentes que não havia conotação política no crime.
"Eu chamei o pessoal da imprensa mais para esclarecer que essa tentativa de homicídio em que o suspeito desferiu alguns golpes de faca na vítima não tem nenhum envolvimento de cunho político. Surgiu essa conversa, mas não tem qualquer envolvimento", declarou o delegado na manhã desta quarta (05).
Mas Luís André falou algo diferente para a mãe, segundo relato repassado por ela a reportagem do MidiaJur. "Ele não conseguiu falar muita coisa por que... primeiro ficou muito emocionado quando me viu, ele mesmo não esperava me ver. Ele falava um pouco e ficava cansado. Ele falou que foi uma aposta e que nunca esperava que Lucas fosse fazer aquilo com ele", disse.
Luís teria contado a mãe que ele e Lucas já discutiam por política há pelo menos uma semana e fizeram a aposta. O teor da aposta não foi detalhado pelo trabalhador rural, já que sua condição de saúde era delicada. No entanto, o trabalhador confirmou a motivação política.
"Eu não forcei muito ele a falar, mas o que ele falou, devido ao estado dele estar muito cansado, que foi por motivo torpe, uma bobeira, uma aposta boba, que ele nunca imaginava que ele [Lucas] iria, por causa de política, tirar a vida dele", repassa.
Pela mãe, o trabalhador teria dito que foi atacado quando estava dormindo em seu quarto. Lucas chegou e veio cobrar a dívida da aposta feita entre eles. A vítima tentou fugir e depois entrou em luta corporal com Lucas para desarmá-lo.
A divergência política consta como a motivação do crime no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, logo após ter atendido a ocorrência, no final da noite do último domingo. O registro da PM de Sinop apenas não detalhou que a vítima tenha sido atingido por um eleitor de Bolsonaro e durante discussão pós eleições
De acordo com o delegado Hugo, o suspeito continua foragido e os investigadores estão em diligência para conseguir a completa identificação.
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