LAURA NABUCO
DA REDAÇÃO
O anúncio de greve dos servidores do Poder Judiciário colocou o sindicato que representa a categoria (Sinjusmat) em posição de embate não apenas com a administração do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), sob o desembargador Orlando Perri, mas também com o Sindicato dos Oficiais de Justiça de Mato Grosso (Sindojus), que se posicionou contrário à manifestação.
O presidente do Sinjusmat, Ronsewall Rodrigues, adiantou que já estuda acionar juridicamente o Sindojus. O motivo, segundo ele, é que o sindicato estaria ultrapassando seu limite de atuação. “Eles só podem atuar em Santo Antônio do Leverger, porque foi criado lá. Quem representa os servidores do Judiciário no Estado somos nós e eu entendo que os oficiais estão incluídos neste grupo”, explicou.
Rosenwall classificou o Sindojus como “um movimento de meia dúzia” e garantiu que os interesses específicos dos oficiais de Justiça, que pleiteiam o aumento do valor da verba indenizatória, também faz parte da pauta de reivindicações do Sinjusmat. Afirmou ainda que o direito da categoria a tal benefício foi conquistado por intermédio dele.
“Entendo que eles estão negociando algo específico para a carreira deles, mas a tabela salarial que nós estamos pleiteando também vai valer para os oficiais de Justiça. O que não posso é deixar que um grupo formado por meia dúzia fique de outro lado, quando ele também vai ser beneficiado”, reclamou.
O presidente do Sindojus, Eder Gomes, por sua vez, rebateu Rosenwall afirmando que “não tem lógica ele dizer que o Sindojus só pode atuar em Santo Antônio do Leverger, porque lá só tem um oficial de Justiça”.
Gomes garantiu ainda que o sindicato que preside tem respaldo legal, sendo reconhecido pela Justiça do Trabalho e o próprio TJMT. “Nosso sindicato existe há quatro anos e ele (Rosenwall) sempre achou que não daria em nada. Agora está assustado com os reconhecimentos que estamos conquistando. O que ele tem que entender é que nós somos uma fatia dos servidores que ele representa, não existe um racha”, disse.
Quanto à quantidade de filiados, Gomes afirmou que o Sindojus já representa 50% dos cerca de 600 oficiais de Justiça que existem no Estado. “E a cada dia estamos aumentando mais. Esta semana faremos uma viagem pelo interior e sei que vamos voltar com pelo menos mais 50 filiados”, previu.
Ele enfatizou também que o entendimento sobre não participar da greve é quase uma unanimidade entre os oficiais de Justiça. Na Capital, segundo ele, pelo menos 95% dos profissionais devem continuar trabalhando normalmente.
“Fizemos uma reunião nesta quarta-feira (17) e não houve sequer um comentário sobre a greve. Nós entendemos que estamos diante de uma gestão nova, que mal completou 40 dias, e não teve de tempo de resolver estas pendências”, afirmou.
Paralisação
A greve, segundo Ronsenwall, está prevista para ter início no dia 6 de maio. Antes disso, na próxima quinta-feira (25), será realizado um dia de paralisação dos trabalhos. O objetivo, segundo ele, é emitir um “sinal de alerta” à administração do TJMT e esclarecer para a população e advogados os motivos da greve.
“Em todas as comarcas do Estado, os servidores vão distribuir panfletos informando a população e os advogados sobre os motivos da paralisação. Não é uma briga por um aumento, mas pelo cumprimento de uma lei. Vamos esclarecer que cumprimos nossa parte do acordo coletivo assinado em 2011, mas o Tribunal de Justiça não fez a dele”, disse Ronsenwall.
O acordo mencionado por ele foi assinado em 2011, entre a categoria e o então presidente do TJMT, desembargador Rubens de Oliveira. Nele ficava previsto que a lei que instituiu o Sistema de Desenvolvimento de Carreira e Remuneração (SDCR) para os servidores seria colocada em prática até 31 de dezembro de 2012. Em contrapartida, não haveria greve naquele ano.
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