CAMILA RIBEIRO
DO MIDIANEWS
Durante depoimentos prestados na quarta-feira (22), no Fórum da Capital, Tatiana Laura da Silva Guedes e Áurea Maria de Alvarenga Gomes Nassarden afirmaram não ter conhecimento do teor de documentos assinados por elas e que fazem parte das investigações que apuram um suposto esquema de desvio de dinheiro na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
Tatiana e Áurea eram casadas com Elias Abrão Nassarden Junior e Jean Carlo Leite Nassarden, respectivamente.
Eles estão entre os 14 denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) no suposto esquema que desviou de mais de R$ 61 milhões dos cofres do Legislativo, por meio de licitações consideradas fraudulentas.
"Fui sócia da Livropel, mas eu não administrava a empresa. Nunca estive na empresa, nem sei onde ficava a sede"
Apesar de serem sócias da empresa, Tatiana e Áurea alegaram que não tinham conhecimento da gestão da Livropel e apenas assinavam documentos a pedido de seus respectivos esposos.
“Fui sócia da Livropel, mas eu não administrava a empresa. Nunca estive na empresa, nem sei onde ficava a sede”, afirmou Tatiana Guedes.
Em seu depoimento, Tatiana contou que seu ex-marido, Elias Nassarden, não lhe contava sobre quaisquer contratos ou licitações da empresa.
Durante a audiência de instrução, ela chegou a ser confrontada com documentos que teria assinado em 2005.
“A empresa estava em meu nome. Por conta disso, o Elias me pedia para assinar alguns contratos. Eu reconheço a assinatura, é minha, mas eu nunca estive na Assembleia Legislativa. Todo o trâmite dos contratos era feito pelo Elias", afirmou ela.
"Eu não lia o conteúdo dos documentos. Meu ex-marido vinha com o documento, dizia que tinha que assinar para uma venda e eu assinava"
“Só assinava”
Também durante depoimento na tarde de quarta-feira, Áurea Maria de Alvarenga Gomes Nassarden (esposa de Jean Carlo Nassarden) disse que sequer se recorda dos documentos que assinou.
“Eu também não sei onde é a sede da empresa. Não me recordo dos papeis que assinei. Eu não questionava os motivos pelos quais meu marido me pedia para assinar. Eu só assinava”, disse ela.
“Eu tinha conhecimento apenas que ele fazia as vendas, as compras e as entregas. Eu achava que a empresa estava em meu nome, porque o nome dele estava com restrição ", completou a depoente.
Áurea disse ainda que seu esposo sempre trabalhou com o irmão dele, o Elias Nassarden.
Ele relatou, ainda, que eles ficaram separados entre os anos de 2006 e 2008 e, ao retomarem o casamento, ela percebeu uma melhora no padrão de vida do acusado.
“Quando eu reatei meu casamento, só ele trabalhava. Ele não comentava sobre as coisas do trabalho", disse ela.
Acusados
As investigações do Ministério Público sobre as supostas fraudes em licitações da Assembleia Legislativa resultaram na deflagração da Operação Imperador, em 21 de fevereiro deste ano.
Na ocasião, o ex-deputado José Riva – acusado de liderar o esquema – foi preso e desde então, segue no Centro de Custódia de Cuiabá (CRC), antiga Cadeia Pública do Carumbé.
Segundo o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), cinco empresas "venderam" mais de 30 mil toners à Assembleia. Contudo, à época dos fatos, o Poder contava com apenas 150 impressoras.
As cinco empresas acusadas de envolvimento com o suposto esquema são: Livropel Comércio e Representações e Serviços Ltda., Hexa Comércio e Serviços de Informática Ltda., Amplo Comércio de Serviços e Representações Ltda., Real Comércio e Serviços Ltda. e Servag Representações e Serviços Ltda.
Além de Riva, foram denunciados a sua esposa, Janete Riva, servidores públicos e empresários.
São eles: Djalma Ermenegildo, Edson José Menezes, Manoel Theodoro dos Santos, Djan da Luz Clivatti, Elias Abrão Nassarden Junior, Jean Carlo Leite Nassarden, Leonardo Maia Pinheiro, Elias Abrão Nassarden, Tarcila Maria da Silva Guedes, Clarice Pereira Leite Nassarden, Celi Izabel de Jesus, Luzimar Ribeiro Borges e Jeanny Laura Leite Nassarden.
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