LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O juiz Luís Aparecido Bertolucci Júnior, da Vara Especializada de Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, prorrogou, por mais 120 dias, o afastamento do delegado João Bosco e sua esposa, a investigadora de polícia Gláucia Cristina Moura Alt.
Eles são acusados pelo Ministério Público Estadual (MPE) de associação ao tráfico de drogas e corrupção passiva. Ambos estavam em prisão domiciliar desde o final de novembro do ano passado, mas conseguiram a liberdade em fevereiro deste ano.
Além de João Bosco e Gláucia Alt, continuarão afastados por igual período Cláudio Roberto da Costa, Leonel Constantino de Arruda e George Fontoura Filgueiras, que também integram a Polícia Civil.
O único que poderá exercer o cargo, mas só em âmbito administrativo, é o investigado Márcio Severo Amaral, que conseguiu decisão favorável junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT).
Todos já haviam sido afastados de seus cargos em maio e a medida teria validade até o dia 13 de setembro. Com a decisão de Luís Bertolucci, tomada na última terça-feira (09), o afastamento continua a valer até janeiro de 2015.
Relação com traficantes
Na decisão, o magistrado relatou que o afastamento deve ser mantido em razão dos “fatos graves” atribuídos aos investigados que, segundo o MPE, tinham estreito vinculo pessoal com traficantes “sendo de um lado, grupo extorquindo-os para não prendê-los e, de outro, grupo distinto extorquindo-os para lhes dar proteção”.
Para Luís Bertolucci, se mantidos no cargo, os investigados poderiam interferir e manipular as investigações contra eles.
“Aliado a isso, consta dos autos indícios concretos dessa interferência, por parte do Delegado João Bosco, no depoimento prestado pelo agente policial Idalmir Bezerra Ferreira, aconselhado por aquele a mentir junto à Corregedoria da Polícia Civil. De modo que, conforme afirma o Ministério Público, se não se detêm diante das autoridades superiores da sua Instituição, como é o caso do referido Delegado, que possui algumas dezenas de anos de serviço, não há dúvidas de que, instaurada a ação de improbidade, tudo farão para impedir a lisura da busca da verdade durante a instrução processual”, ressaltou.
O juiz também argumentou que os documentos trazidos ao processo revelam indícios de que, para praticarem os crimes, os acusados teriam utilizado bens públicos como veículos, meios de comunicação e combustível .
“Assim, também sob esse ângulo, a manutenção do afastamento é justificada, acessoriamente, para que, longe das facilidades que teriam propiciado a atividade ilícita, cessem o possível desvio de finalidade, a fim de se assegurar à sociedade que os meios sejam utilizados para a atividade própria da polícia civil, protegendo-se o patrimônio público”, disse.
Além disso, o magistrado entendeu que a medida é justificável para a “preservação da respeitabilidade da Instituição Polícia Civil do Estado de Mato Grosso, que deve ser a primeira interessada em colaborar com a apuração dos fatos em juízo, sem que a presença dos referidos agentes policiais em seu meio possa representar algum tipo de inibição ou embaraço”.
Entenda o caso
A operação Abadom foi deflagrada no dia 27 de junho de 2013, com a prisão de 15 suspeitos.
Na ocasião, somente João Bosco e Gláucia haviam sido presos. Os demais foram indiciados durante as investigações. Os policiais foram autuados também por corrupção e concussão, além de extorsão.
Do total de presos, quatro já estavam atrás das grades da Penitenciária Central do Estado, no bairro Paschoal Ramos, em Cuiabá.
De dentro da prisão, eles enviavam ordens por telefone celular para as ações criminosas ligadas ao tráfico.
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