LAICE SOUZA
DA REDAÇÃO
O empresário do ramo de combustível Gércio Marcelino Mendonça Júnior, mais conhecido como Júnior Mendonça, confirmou que fez a delação premiada no inquérito do Ministério Público Federal que investiga lavagem de dinheiro e crimes contra a ordem tributária.
Mendonça, que foi o primeiro alvo da “Operação Ararath”, em novembro de 2013, teria dado detalhes de como funcionaria o suposto esquema de lavagem de dinheiro em que era utilizado factorings como fachada para transações financeiras ilegais.
As informações prestadas por Mendonça teriam sido motivadoras dos mandados de busca e apreensão que estão sendo cumpridos nesta terça-feira (20), contra empresas e diversas autoridades do Estado, entre elas membros do Executivo e do Legislativo.
Entre os mandados que foram cumpridos nesta terça-feira existiam ordens contra: o governador Silval Barbosa, o deputado estadual José Geraldo Riva, o ex-secretário de Fazenda Éder Moraes, escritório de advocacia e, também, contra o conselheiro do Tribunal de Contas Sérgio Ricardo.
Há informações ainda de que a sede do Ministério Público também teria sido alvo do cumprimento de mandados. Mas a informação ainda não foi confirmada pela instituição.
Entenda como tudo começou
Em 2012, o Ministério Público Federal começou investigação na movimentação financeira da factoring “Globo Fomento Mercantil”, que era de propriedade do empresário. A suspeita era que a empresa seria usada como fachada para negócios de agiotagem.
Além disso, o empresário foi acusado de ter se utilizado da movimentação financeira da rede Amazônia Petróleo, da qual também é sócio, para realizar transações financeiras ilegais.
De acordo com a polícia, todo o esquema teria movimentado, de forma ilegal, cerca de R$ 500 milhões, em um período de seis anos.
Em novembro do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Ararath, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande e Nova Mutum. As ordens judiciais foram expedidas pela 5ª Vara da Justiça Federal.
No mesmo mês, desta vez em decisão do Tribunal Regional Federal da Primeira Região foram cumpridos na residência e gabinete do juiz federal Julier Sebastião da Silva, e na casa e escritório do então presidente do Detran de Mato Grosso, Gian Castrillon, mandados de busca e apreensão. Na época, contra Julier pesou a suposta acusação de que ele teria favorecido a empresa Encomind Construções em uma decisão judicial.
Outros alvos dos mandados foram o bacharel em direito Thiago Dorileo, apontado pela PF como suposto “lobista" no Judiciário, e a empresa Encomind, do ramo da construção.
Na terceira etapa da operação, que ocorreu no mês de dezembro, no dia 16, a PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão em três cidades do Estado. Dos sete mandados expedidos, cinco foram em Cuiabá, um em Várzea Grande e um em Tangará da Serra. Os alvos foram duas empresas e cinco pessoas físicas.
Entre os alvos dos mandados, estão à sede da Construtora Guaxe-Encomind, em Tangará da Serra, o escritório do Consórcio Planservi-Sondotécnica, em Cuiabá, e um grupo atacadista em Várzea Grande, que atuaria no ramo de factoring.
O Consórcio Planservi-Sondotécnica foi contratado para gerenciar as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em Cuiabá e Várzea Grande, ao custo total de R$ 46,9 milhões, com vigência de 27 meses, na modalidade Regime Diferenciado de Contratação (RDC).
Na quarta etapa da operação, um dos alvos foi o proprietário do Atacado Mendonça, um dos maiores doadores da campanha do então candidato ao Senado Pedro Taques. O mandado foi cumprido no dia 19 de fevereiro.
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